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Lula condena "salto alto" da oposição

Por Agencia Estado
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O presidente de honra do Partido dos Trabalhadores e pré-candidato à Presidência da República, Luís Inácio Lula da Silva, disse hoje que, apesar da aparente vantagem da oposição na corrida presidencial, a força do governo federal não pode ser desprezada. "Não sou daqueles que acham que o governo está morto", afirmou o petista, líder das últimas pesquisas de intenções de votos e que participou de um debate com lideranças do partido sobre água e energia, na zona sul de Belo Horizonte. "A situação é muito favorável para nós, mas não podemos ficar de salto alto", acrescentou. Embora tenha feito críticas a outros pré-candidatos oposicionistas ao Palácio do Planalto, como o governador mineiro Itamar Franco (PMDB) e o ex-ministro Ciro Gomes (PPS), Lula ressaltou que tem a esperança de ver um único representante da centro-esquerda na eleição do próximo ano. Com a união das forças contrárias ao presidente Fernando Henrique Cardoso, de acordo com ele, a vitória da oposição estaria praticamente assegurada. Mesmo assim, ele disse não acreditar em uma união entre Itamar, que pode deixar o PMDB, e Ciro, articulação que tem sido feita pelo ex-governador Leonel Brizola (PDT), líder do partido ao qual o governador mineiro se filiaria. "Acho que a possibilidade dessa aliança já esteve mais concreta que agora", afirmou. Lula foi irônico sobre os elogios que tem recebido de FHC e de integrantes do governo federal, dizendo que "receberia de bom grado" o voto de Fernando Henrique. Salários A visita do pré-candidato petista a Belo Horizonte teve outros dois objetivos, além da participação no debate sobre água e energia. Primeiro, Lula reuniu-se com o prefeito da capital, Célio de Castro, ex-PSB, ao qual reforçou convite de ingresso no PT. Célio também tem mantido conversas com Itamar e especula-se que possa seguir, junto com o governador, para o PDT - embora tenha estreitas relações com o PT, que domina mais de 70% de sua administração. Depois, Lula conversou com representantes do diretório estadual do partido e com os cinco deputados da bancada petista na Assembléia de Minas, acusados, junto com os outros 72 colegas do Legislativo, de receber salários milionários - entre R$ 60 mil e R$ 90 mil mensais, somados os vencimentos do contra-cheque e uma série de verbas complementares e benefícios. Para Lula, a situação dos parlamentares petistas, que nunca questionaram os próprios ganhos abusivos, precisa ser devidamente esclarecida perante a opinião pública. "É inexplicável um salário assim em um país onde o mínimo é de R$ 180,00", afirmou. Apesar do "puxão de orelha" nos deputados do partido, Lula afirmou que definições sobre o assunto caberão ao comando do PT no Estado. Não está descartada a possibilidade de que os parlamentares sejam obrigados a devolver aos cofres públicos tudo o que teriam recebido a mais nos últimos anos.

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