PUBLICIDADE

Lula compara transposição a projeto de Franklin Roosevelt

Presidente disse que obras como a do Rio São Francisco aumentam a oferta de emprego no Nordeste

Foto do author Leonencio Nossa
Por Leonencio Nossa e da Agência Estado
Atualização:

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva, ao discursar para trabalhadores no canteiro das obras de transposição do Rio São Francisco, neste município de Pernambuco, rebateu críticas de ambientalistas contra o projeto, afirmando que ele se destina a beneficiar o ser humano, e o ser humano "é o principal animal do mundo". Lula também disse que seu governo combate a indústria da seca através das obras do PAC.

 

Veja também

PUBLICIDADE

 

"Eu não quero que a gente mate um passarinho, um calango, ou uma cobras, mas não posso deixar o povo pobre passar fome. O principal animal do mundo é o ser humano", afirmou, de improviso. Mais uma vez, ele comparou a transposição do São Francisco ao projeto implantado no Vale do Rio Tennessee, em 1933, nos Estados Unidos, pelo então presidente Franklin Roosevelt: "Esta obra (a transposição do São Francisco), que é uma das maiores obras que estão sendo feitas no mundo, só é igual à que o presidente Roosevelt fez no Vale do Tennessee, que transformou aquela região em uma região produtora."

 

Lula se referia à iniciativa tomada em 1933 por Roosevelt, que criou a Tennessee Valley Authority (TVA) e deu início ao conjunto de programas e ações - o projeto chamado "New Deal" - que acabaram ajudando a tirar os Estados Unidos da depressão econômica iniciada em 1929. Ele disse que projetos como o da transposição do São Francisco estão aumentando a oferta de emprego na Região Nordeste. "As pessoas estavam habituadas a ver os pobres do Nordeste irem para São Paulo procurar emprego na construção civil. Agora, quem trabalha na construção civil não precisa ir para São Paulo."

 

O presidente afirmou ainda que seu governo, com a obra de transposição do Rio São Francisco, está "combatendo a indústria da seca". Ele disse que os nordestinos não querem mais viver das frentes de trabalho, que são organizadas durante a seca e nas quais o trabalhador fica "quebrando pedra ou escavando" sem uma finalidade específica a não ser a de receber um pagamento (geralmente meio salário mínimo).

 

Lula reclamou da oposição que o bispo de Barra (BA), Luiz Flavio Cappio, fez ao projeto de transposição: "Teve até um bispo que fez greve de fome para a gente não fazer essa obra". Queixou-se ainda das críticas que fazem à obra as Organizações Não Governamentais (ONGs), mas não citou nomes. Disse que as pessoas "criticam, mas não têm conhecimento" da situação vivida pelos nordestinos na escassez de água.

 

O encontro de Lula com os trabalhadores começou com cerca de uma hora de atraso. Antes, o secretário-executivo do Ministério da Integração, João Santana, havia prolongado além do previsto sua apresentação do projeto de transposição, em reunião com Lula, com os ministros Dilma Rousseff (Casa Civil) e Geddel Vieira Lima (Integração) e com o deputado Ciro Gomes e oficiais do Exército.

Publicidade

 

Um assessor de Presidência, ao perceber que a apresentação de Santana atrasaria o encontro de Lula com os trabalhadores, chamou a atenção do secretário-executivo, mas este respondeu: "Não estou preocupado com ninguém. Quem manda aqui é o presidente Lula, e o resto que se exploda". Depois, Santana pediu desculpas, mas apenas à ministra Dilma, dizendo que também ela mandava na obra: "Na Bahia, nós temos respeito pelas mulheres", afirmou. E continuou a explanação, em clima de visível constrangimento do presidente e da ministra.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.