Lula chama Fidel de mito e prevê transição tranquila

PUBLICIDADE

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:

Ao chamar Fidel Castro de mito, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva disse nesta terça-feira acreditar que a decisão do líder cubano de renunciar ao poder confere tranquilidade a toda a América Latina, evitando assim situações "adversas". "Acho que isso é importante para a tranquilidade na América Latina. O processo se dá de forma mais tranquila com a iniciativa do próprio Fidel", disse Lula a jornalistas após participar de cerimônia no Estado do Espírito Santo. Lula visitou Fidel em Havana há pouco mais de um mês, quando chegou a declarar que o cubano estava pronto para reassumir seu papel político. Em seguida, Fidel publicou artigo no Granma, jornal do Partido Comunista, afirmando não estar em condições físicas sequer de falar em público, reservando-se aos artigos, depois de 17 meses afastado do poder por uma enfermidade. "Se ele tomou esta iniciativa, deve ser bom para Cuba e portanto o Brasil está satisfeito. O que nós temíamos era que, numa situação adversa, acontecesse que os cubanos de Miami (dissidentes) achassem que já era dia de voltar e transformar Cuba num território de conflito", acrescentou Lula. O presidente brasileiro se disse um admirador da revolução cubana, como muitos de sua geração, que tem hoje em torno de 60 anos, e evitou polemizar sobre uma possível transição de Cuba à democracia. Lula sugeriu que os Estados Unidos façam o mesmo. "Se cada um tomar conta do seu nariz está bom demais, o que complica é quando a gente começa a dar palpite nas coisas dos outros, pode dar conflito. Eu acho que os cubanos têm maturidade para resolver todos os seus problemas sem precisar da ingerência nem brasileira nem americana", declarou. Ao mesmo tempo em que afirmou que Raúl Castro, que ocupa o poder interinamente, é um homem "preparado" para suceder Fidel, Lula elevou o amigo de 23 anos à condição de maior mito atual da história. "O grande mito continua. O Fidel é o único mito vivo na história da humanidade. Acho que ele construiu isso às custas de muita competência, muito caráter, muita força de vontade e também de muita divergência, de muita polêmica." (Reportagem de Carmen Munari; Edição de Mair Pena Neto)

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.