Lula arbitra disputa entre Vannuchi e Jobim

Ministro da Defesa ganha queda de braço e tem aval para fazer o trabalho

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Por Tania Monteiro
Atualização:

Durante uma tensa reunião, segunda-feira passada, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva avalizou o cronograma de trabalho da Comissão do Ministério da Defesa para procurar ossadas da Guerrilha do Araguaia. A rigor, a reunião foi convocada para por um fim à tentativa da Secretaria de Direitos Humanos, do ministro Paulo Vannuchi, de barrar os trabalhos da comissão criada no Ministério da Defesa. Vannuchi argumentou ao presidente Lula que já existe a comissão dos desaparecidos criada por lei e funcionando no Ministério da Justiça. Disse ainda que um dos objetivos era, exatamente, buscar os restos mortais dos desaparecidos durante o regime militar (1964-1985). Na avaliação de Vannuchi seria uma desnecessidade o ministro Nélson Jobim (Defesa) criar outro grupo para o mesmo fim. Ele disse ainda que essa nova comissão, se mantida, deveria ter formação "mais plural", com representantes do Ministério Público, Ordem dos Advogados do Brasil e representantes dos familiares, entre outros. Jobim acabou ganhando a queda de braço, manteve a comissão e ganhou a ordem para dar a partida no trabalho, ao explicar que a comissão do Ministério da Justiça já esteve pelo menos uma dúzia de vezes no Araguaia à procura de corpos e nunca conseguiu dar uma resposta cabal sobre a existência ou não das ossadas na região da guerrilha. A logística do Exército e a prova de que a atual comissão é plural, como pediu Vannuchi, acabou chancelando a disputa a favor do Ministério da Defesa. Jobim deixou claro que a comissão precisava começar a trabalhar logo porque na Justiça há prazos a serem seguidos. O trabalho também precisa ser feitos nos próximos dois meses, pelo menos, antes do período das chuvas. A Defesa também argumentou que a composição da comissão segue padrões de metodologia científica adequada para que a tentativa de localização, recolhimento e identificação dos corpos de guerrilheiros e camponeses mortos no episódio seja eficiente. O ministro Paulo Vannuchi não queria os militares no grupo de trabalho. Mas Jobim afirmou que eles são absolutamente necessários, para que o trabalho seja executado com objetividade e para que os peritos tenham apoio logístico para buscar os corpos nas áreas já demarcadas.

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