Lula apresenta Dilma como 'mãe do PAC' em favelas do Rio

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Por Redação
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Ao discursar no lançamento de obras do PAC na favela do Complexo do Alemão, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chamou a ministra-chefe da Casa Civil de "mãe" do programa. Com investimentos de 500 bilhões de reais até 2010, o Programa de Aceleração do Crescimento é a ação de maior impacto do segundo mandato de Lula, e Dilma é uma das potenciais candidatas do PT à sua sucessão. "A Dilma é uma espécie de mãe do PAC. Ela acompanha, cobra e vê se as obras estão andando ou não. Ela é a companheira que comanda o PAC, é a mãe do PAC", disse Lula. Na semana passada, Lula convocou a ministra para acompanhá-lo em eventos públicos, o que foi interpretado como uma forma de o presidente testá-la junto a platéias populares. Dilma estava vestindo um figurino descontraído, de calça jeans e camisa azul no lugar do tradicional tailler. Lula voltou a apresentá-la como referência do PAC na cerimônia na favela de Manguinhos. Junto com Dilma, citou o vice-governador do Rio, Luiz Fernando Pezão, como fiscais do andamento das obras do PAC. "Esse homem aqui é o vice-governador e essa mulher é a ministra da Casa Civil. Eles serão chefes de olhar a cada dia, semana e mês as obras do PAC", disse Lula. "Se o Pezão e a Dilma não estiverem cuidando do PAC, a gente puxa a orelha dos dois", afirmou. VIOLÊNCIA E POBREZA Para uma platéia formada por pessoas carentes, o presidente disse que seu governo é voltado para as camadas mais pobres da população e que sonha em melhorar a imagem da violência na cidade. "Não tem retrocesso. Nós respeitamos os Estados Unidos, a União Européia, os ricos, todo mundo. Mas a nossa prioridade é cuidar dos pobres. É preciso ficar claro", enfatizou. Em Manguinhos, Lula disse que seus objetivo é que os pobres ganhem cidadania e melhorem de vida. "O único momento em que o pobre é tratado como cidadão de primeira classe é no dia da eleição. Certamente vocês nunca viram um candidato falar mal de pobre. Falam mal dos banqueiros e dos ricos, e depois com quem eles vão jantar?", perguntou aos moradores, que responderam: "Com os ricos". Além do Complexo do Alemão e de Manguinhos, o presidente lança nesta sexta-feira obras de reurbanização na Rocinha. No total, segundo o Planalto, serão investidos cerca de 1,14 bilhão de reais, sendo 838,4 milhões de reais pelo governo federal, atingindo cerca de 68 mil famílias das três comunidades. As obras incluem moradia, escolas, creches, unidades de saúde, água, esgoto, drenagem, pavimentação de ruas, iluminação, áreas de lazer e equipamentos sociais, segundo texto distribuído pelo governo federal. "Quero que a imprensa do Brasil e do Rio um dia publique uma manchete: 'Ainda há esperança do Rio voltar a ser de fato e de direito a cidade maravilhosa com muita paz"', disse o presidente, acompanhado do governador do Rio, Sérgio Cabral (PMDB), e de seis ministros. Durante a visita, foram mobilizados 350 homens e 40 viaturas da Polícia Militar, que contou com o apoio da Força Nacional de Segurança, ocupando as principais entradas da comunidade. Mesmo assim, policiais avistaram homens armados circulando pela comunidade do Alemão, fato registrado no sistema de rádio. "O cidadão sabe que o bandido não tem que ser tratado com pétalas de rosa. Mas antes do bandido há mulheres e homens que querem viver dignamente", disse Lula, referindo-se à violência que ronda a comunidade. "Não há razão para que o jovem desempregado ou que brigou com a mãe ir trabalhar para a bandidagem", disse Lula em Manguinhos, depois de lembrar sua origem humilde, com um passado de dificuldades sociais e financeiras. CONSELHO DE DEUS Ainda no Alemão, Lula disse que foi aconselhado por Deus a deixar o início do programa para o segundo mandato, caso contrário, o plano seria taxado de eleitoreiro. "Foi importante que não anunciássemos o PAC antes das eleições de 2006, porque senão vocês iam ler em manchetes de jornal que estaríamos lançando um programa apenas com interesse eleitoral", afirmou o presidente para um público estimado em 7 mil moradores, segundo a Polícia Militar. "E deus é tão justo e tão grande que abriu minha consciência para começar esta obra do PAC exatamente no momento em que eu não disputo mais eleições no Brasil porque o mandato (presidencial) termina em 2010", completou. Como já foi reeleito em 2006, Lula não pode concorrer à próxima eleição presidencial, em 2010, mas poderá tentar novamente em 2014. (Reportagem de Rodrigo Viga Gaier; Edição de Mair Pena Neto)

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