Lula adia orientação para atuação de ministros na eleição

Por LEONENCIO NOSSA E TÂNIA MONTEIRO
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Divergências entre os ministros sobre a participação na campanha eleitoral fora de seus Estados de origem levaram o presidente Luiz Inácio Lula da Silva a adiar para a próxima semana as determinações sobre a conduta a adotar no processo eleitoral, um dos temas da reunião ministerial de hoje. O anúncio foi feito pelo ministro das Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, porta-voz da reunião. A divergência ocorreu, segundo ele, diante da sua proposta para que os ministros não subissem em palanque fora dos seus Estados, restringindo sua participação aos Estados de origem. "Fui voto vencido", disse. Ministros de efetiva militância política ou que atuam como dirigentes partidários contra-argumentaram, de acordo com José Múcio, que precisam apoiar candidatos de suas legendas em outros Estados. Integram este grupo os ministros das Cidades, Márcio Fortes; dos Esportes, Orlando Silva; da Justiça, Tarso Genro; de Minas e Energia, Edison Lobão; dos Transportes, Alfredo Nascimento, e da Integração Nacional, Geddel Vieira Lima. Diante da divergência, o presidente da República marcou para a próxima semana nova reunião, apenas com os ministros de militância política, que deverão receber do advogado-geral da União, José Antonio Toffoli, uma cartilha com as recomendações sobre como se comportar nas eleições. O ministro das Relações Institucionais disse temer que as disputas municipais provoquem rachas na base aliada do governo. Ele confirmou que o presidente Lula não fará campanha nos municípios em que houver mais de um aliado na disputa. Indagado sobre a participação da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, na campanha eleitoral no Rio Grande do Sul, José Múcio disse: "Não foi fulanizada a participação dos ministros". Cuidados Apesar do adiamento, Toffoli, em longa exposição sobre as restrições da lei eleitoral, fez uma série de recomendações aos ministros na reunião: não viajar aos seus Estados às custas do governo para eventos eleitorais, mesmo nos finais de semana, quando costumam deixar Brasília e não usar carros oficiais em locais de campanha; não realizar de forma casada eventos do ministério com eventos políticos. Toffoli alertou que os juízes costumam fazer interpretações próprias da legislação eleitoral. "O juiz poderá entender que houve uso da máquina pública na campanha", alertou ele, conforme relato de José Múcio.

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