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Lula acena com verba para pesquisa

Por Tania Monteiro
Atualização:

Acostumados às fortes restrições orçamentárias e aos constantes avisos de cortes de verba, principalmente depois da queda da CPMF, os militares se surpreenderam ontem com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Depois de ouvir, no hotel onde estão instalados, uma palestra sobre os trabalhos desenvolvidos na estação antártica brasileira, o presidente Lula quis saber quanto, em recursos, os militares e os cientistas precisavam para ter um setor de pesquisa científica ?top de linha, impecável?. Disse que aguarda os pedidos para viabilização das pesquisas para a região. ?Chegamos aqui em 1982, no momento em que o Brasil estava em crise de desenvolvimento. Ou seja, de 1980 até agora há pouco o Brasil praticamente ficou estagnado. Hoje o Brasil vive um momento mais promissor e acho que é o momento de vocês apertarem a caneta e apresentarem sua pauta de projetos e reivindicações?, declarou o presidente, acostumado a ouvir sempre ?choradeiras? e pedidos de verbas, por todo lugar onde anda. ?Quantos presidentes já vieram aqui??, quis saber Lula, ouvindo que, presidente, antes dele, só Fernando Collor, e que Itamar Franco esteve como vice-presidente e Fernando Henrique Cardoso, foi à estação como senador. ?Vocês não apresentam uma pauta quando o presidente vem??, insistiu ele, avisando, em seguida, que a hora é de crescer e investir em tecnologia e que ?as pretensões do Brasil na Antártida não são territoriais, mas científicas?. Segundo Lula, ?quanto mais tiver investimento, quanto mais modernização na base, mais chance teremos de entrar para a história como um importante país que tem resultados em pesquisa na região?. Coube ao comandante da Marinha, almirante Júlio de Moura Neto, depois de reconhecer que os recursos que estão sendo transferidos para o setor estavam atendendo às necessidades preliminares, avisar que, além dos R$ 12 milhões para a manutenção da base e dos R$ 2,5 milhões para a modernização das instalações, eram necessários mais R$ 10 milhões ?para terminar os trabalhos de revitalização da estação?. Lula quis saber qual o projeto científico mais importante realizado na base e foi informado que era ligado a questões meteorológicas. Segundo o almirante, os estudos que ali são desenvolvidos são importantes para se ter conhecimento sobre o clima do Brasil e, por exemplo, a influência dele sobre a safra agrícola. Ouviu também que, além de mais instalações no continente e mais projetos de pesquisa, era preciso mais um navio para fazer estudos na região, embora o MCT e a Marinha estivessem recebendo, no final do mês, um navio com estas características, comprado em conjunto pelos dois ministérios. Demonstrando decisão de fortalecer o programa, o presidente avisou ao ministro da Ciência e Tecnologia, Sérgio Resende, que reunisse a comunidade científica e apresentasse suas reivindicações. ?Sérgio, tem de juntar esse pessoal responsável pela pesquisa e ver quais são as necessidades dele, para ver o que se pode aumentar?, declarou. ?Quero saber quanto é preciso para atender às necessidades do setor de pesquisa e infra-estrutura, para desenvolver mais pesquisas lá (na Antártida). É preciso dar um salto de qualidade?, disse. Depois de ouvir uma explanação sobre o funcionamento da base, Lula quis saber quantos países têm base na região. Ouviu que eram 27, sendo seis da América do Sul, e também quantos têm interesses territoriais. Ouviu ainda que muitos deles, como Chile, Argentina, Inglaterra, Austrália, Nova Zelândia, entre outros, têm tal interesse e praticam uma política de ocupação, mas que o Brasil, diferentemente, tem ali objetivo de desenvolver estudo científico. Lula determinou que o Banco do Brasil passe a se responsabilizar pela renovação tecnológica dos equipamentos e computadores da estação. As informações são do jornal O Estado de S.Paulo

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