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Luis Miranda diz que Ministério da Saúde bloqueou acesso do irmão ao sistema

Luis Ricardo Miranda, irmão do deputado, é funcionário de carreira da Pasta; eles denunciaram à CPI da Covid irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin

Por Fabrício de Castro
Atualização:

BRASÍLIA - O deputado federal Luis Miranda (DEM-DF) afirmou neste domingo que o Ministério da Saúde bloqueou o acesso de seu irmão, Luis Ricardo Miranda, ao sistema da Pasta. Luis Ricardo é funcionário de carreira do ministério. Os dois denunciaram irregularidades na compra da vacina indiana Covaxin pelo governo de Jair Bolsonaro.

 “Aos defensores de bandidos, meu irmão acaba de descobrir que bloquearam ele do sistema”, escreveu o deputado pelo Twitter. “Vale ressaltar que ele é funcionário de carreira! Isso é ilegal, perseguição e só comprova que eles têm muito para esconder...”

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O Broadcast/Estadão questionou o Ministério da Saúde sobre o suposto bloqueio do servidor Luis Ricardo Miranda ao sistema. Até o momento, a Pasta não se pronunciou.

Nos últimos dias, Miranda já vinha acusando o governo de perseguição por conta das denúncias. Em entrevista no sábado, ele disse que sofreu retaliação do governo e do próprio presidente da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL). Miranda citou o fato de Lira ter anunciado, enquanto ele dava depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Covid, na sexta-feira, os nomes dos deputados Luiz Carlos Motta (PL-SP) e Celso Sabino (PSDB-PA) como relatores dos dois textos que compõem a reforma tributária. De acordo com Miranda, a relatoria da proposta estava prometida a ele.

Deputado Luis Miranda e seu irmão, o servidor Luis Ricardo Miranda, durante depoimento à CPI da Covid. Foto: Gabriela Biló/Estadão

Também no sábado, Miranda reclamou que ele e o irmão seguiam “sem proteção nenhuma”, apesar das ameaças feitas por simpatizantes do governo em redes sociais após as denúncias.

Miranda já passou indicações de que existe uma gravação que comprova que o presidente Jair Bolsonaro foi informado sobre o suposto esquema no Ministério da Saúde. Segundo ele, se Bolsonaro desmenti-lo, o presidente terá uma “surpresa mágica”.

No depoimento à CPI da Covid, os irmãos disseram ter avisado Bolsonaro há três meses sobre as suspeitas e sobre uma “pressão atípica” para acelerar a importação da vacina. Na conversa, Bolsonaro teria citado o deputado federal Ricardo Barros (Progressistas-PR), líder do governo na Câmara, como o parlamentar que queria fazer “rolo” no ministério.

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O vice-presidente da CPI da Covid, senador Randolfe Rodrigues (Rede-AP), afirmou que irá apresentar nesta segunda-feira, 28, uma representação contra o presidente Jair Bolsonaro na Procuradoria-Geral da República (PGR). O parlamentar acusa o chefe do Planalto de cometer crime de prevaricação ao não ter determinado a apuração de um suposto esquema de corrupção envolvendo a compra da vacina indiana Covaxin.

 Em entrevistas, Miranda disse ter como provar suas declarações. “Se ele (Bolsonaro) fizer isso (questionar minha versão), vou ter que fazer algo que nunca um parlamentar deve ter que fazer contra o presidente”, afirmou o deputado. “Mas aí ele vai ficar constrangido, muito, porque eu tenho como provar. Mas na hora certa.”

Ao contrário dos demais imunizantes, negociados diretamente com seus fabricantes (no País ou no exterior), a compra da Covaxin pelo Brasil foi intermediada pela Precisa Medicamentos. A empresa virou alvo da CPI, que autorizou a quebra dos sigilos telefônico, telemático, fiscal e bancário de um de seus sócios, Francisco Emerson Maximiano. O depoimento do empresário na comissão estava marcado para a última semana, mas ele alegou estar em quarentena após voltar da Índia e não compareceu.

Além da Precisa, Maximiano é presidente da Global Saúde, empresa que já foi alvo de ação por irregularidades em contrato com o Ministério da Saúde em 2018. A denúncia foi apresentada pelo Ministério Público Federal do Distrito Federal à época em que Ricardo Barros, hoje líder do governo Bolsonaro, era ministro. Na ocasião, a Pasta pagou R$ 20 milhões para comprar remédios de alto custo a pacientes com doenças raras, mas os produtos nunca foram entregues.

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