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Lobby de loterias no Paraná esbarra no governador Beto Richa

E-mails interceptados mostram que pessoas ligadas a Cachoeira queriam reativar serviço no Estado

Por Evandro Fadel
Atualização:

CURITIBA - Trechos de e-mails interceptados pela Polícia Federal na Operação Monte Carlo mostram que pessoas ligadas ao contraventor Carlinhos Cachoeira pretendiam reativar o serviço de loterias no Paraná. Nas mensagens, divulgadas pelo jornal Gazeta do Povo, há insinuação de que um dos sócios da empresa Larami, que já administrou o serviço no Estado, o argentino Roberto Coppola, poderia ter conversado com o governador Beto Richa (PSDB) sobre o assunto, em 2010, antes de o tucano tomar posse.

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O governo nega qualquer contato. Os e-mails foram trocados entre Copolla e Adriano Aprígio de Souza, ex-cunhado de Cachoeira, no dia 5 de outubro de 2010. Às 8h39, Souza comenta com Coppola sobre as eleições em Mato Grosso e Santa Catarina, onde também teriam interesse em instalar loterias.

Sobre o Paraná, apenas uma pergunta: “Paraná aquele encontro com foi bom com o governador eleito (sic)?” Às 18h52, Coppola responde misturando português e espanhol: “em Paraná fale com Beto Richa o problema e que Requion por ler fecho a loteria e va a demorar porque tein que facer uma nova lei”. Logo depois ele se refere ao ex-governador Roberto Requião (PMDB) com xingamentos.

Tão logo tomou posse em 2003, Requião iniciou uma cruzada contra os jogos eletrônicos no Estado, revogando as resoluções que permitiam o funcionamento de casas e colocando a polícia para fechar os locais. No ano seguinte, rescindiu o contrato com a Larami, que tinha vencido concorrência em 2001 para operar o Serviço de Loterias do Estado do Paraná (Serlopar).

À época, Coppola e Cachoeira, que aparece como administrador da Brazilian Gaming Partners (BGP), uma das proprietárias da Larami, chegaram a ser investigados pela polícia do Estado e pelo Ministério Público. O Serlopar foi definitivamente extinto em 2007 por decisão da Assembleia Legislativa.

‘Capo’. Na quinta-feira, 19, em pronunciamento no Senado, Requião cobrou a convocação de Richa para depor tão logo seja instalada a CPI que pretende investigar as ligações de Cachoeira com agentes públicos.

“Deixo aqui a recomendação. Vamos rapidamente convocar o senhor Copolla, o tal do Aprígio e o governador Beto Richa para que ele diga o que foi tão bom nesta conversa cinco dias depois de sua eleição com os capo do bicho e da corrupção no Brasil”, disse o senador, na tribuna.

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Segundo Requião, além da retomada do jogo no Estado, o grupo de Carlinhos Cachoeira pretendia pedir indenização por lucros cessantes.

A Secretaria de Comunicação Social do Paraná divulgou nota negando qualquer contato entre Richa e os citados. “O governador Beto Richa não conhece, nunca falou e não tem nenhuma relação com as pessoas.” A nota afirma que ele “nunca tratou de nenhuma proposta de reativação de serviço de loterias” e nem autorizou algum assessor a fazer isso. Por fim, diz que a fala de Requião “não merece crédito”.

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