Depois de ter comunicado oficialmente ao DEM e ao Palácio do Planalto que não deixaria o partido, o senador Edison Lobão (MA) mudou de idéia e de endereço partidário ontem, transferindo-se para o PMDB. De acordo com um importante interlocutor do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o motivo da troca de legenda foi um acerto fechado entre o Palácio do Planalto e o grupo do senador José Sarney (PMDB-AP), pelo qual Lobão pode vir a assumir o comando do Ministério de Minas e Energia. "Foi acertado um pacote, em que Lobão se compromete a dar um voto a favor da prorrogação da Contribuição Provisória sobre Movimentação Financeira (CPMF)", contou o interlocutor ao Estado. "Não se definiu quando Lobão irá para o ministério, mas o pacote está fechado." Se continuasse na bancada do DEM, o senador maranhense não teria como apoiar o governo na votação da emenda que prorroga a cobrança do tributo. Como a Executiva Nacional do DEM fechou questão contra a CPMF, qualquer dissidência será punida com expulsão. Lobão confirmou a troca de partido, mas negou qualquer ligação entre a mudança e a eventual posse no Ministério das Minas e Energia. Pelo contrário. Ele insistiu em que não houve conversa sua com o Planalto nesse sentido. "Não sou candidato a ministro. Sou candidato a governador do meu Estado daqui a três anos", afirmou o parlamentar maranhense. O líder do governo no Senado, Romero Jucá (PMDB-RR), confirmou, no entanto, que "há uma cobrança da bancada do PMDB para resolver o problema do ministério de Minas e Energia". Jucá considera "natural" que existam especulações em torno do nome de Lobão. EM AVALIAÇÃO Questionado sobre a pretensão do grupo Sarney, que quer de volta o ministério perdido desde a demissão do ex-ministro Silas Rondeau, no final de maio, o líder disse apenas que a questão está sendo avaliada pelo governo. "O querer que vale é o do presidente Lula e ele vai decidir isso", afirmou Jucá, sem contudo precisar uma data. Embora o próprio Jucá insista na tese de que o governo não descartou a idéia de trazer Rondeau de volta ao Ministério de Minas e Energia, um dirigente peemedebista insiste em que o acordo em torno de Lobão foi fechado para atender ao grupo Sarney, que indicara Rondeau. A cadeira de ministro já estava prometida a Sarney, mas Lula condicionou a volta de Rondeau à manifestação do Ministério Público recusando as denúncias de corrupção que forçaram a sua demissão. Diante da demora na manifestação, que alimenta uma disputa pelo comando do setor elétrico entre o PMDB e o PT da ministra da Casa Civil, Dilma Rousseff, o grupo de Sarney passara a trabalhar por um acordo em torno no nome de Lobão.