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Lista negra contra baixaria na TV

Por Agencia Estado
Atualização:

Os programas de TV de baixo nível e seus patrocinadores receberão um apelo do Conselho de Acompanhamento da Mídia da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados para mudar o conteúdo. Se mantiverem a fórmula, serão incluídos numa lista negra na página www.eticanatv.org.br, inaugurada nesta quarta-feira para conscientizar a população a mudar de canal quando as emissoras exibirem programas sensacionalistas com apelo sexual, brigas entre parentes e vizinhos, pegadinhas e exploração da miséria humana. O conselho, integrado por representantes da sociedade civil, reuniu-se nesta quarta pela primeira vez para analisar pareceres preliminares sobre cinco programas de TV, apontados como os campeões de baixarias, segundo pesquisa realizada pela campanha Quem Financia a Baixaria é contra a Cidadania. Os programas analisados foram os dos apresentadores Gugu Liberato e Carlos Massa (Ratinho), ambos do SBT; Fausto Silva (TV Globo); Sergio Malandro e João Kleber, da RedeTV. Os conselheiros identificaram que o telespectador é bombardeado por conteúdos de apelo à audiência e propagandas de uma série de produtos. Para a conselheira e psicanalista Ana Cristina Olmos-Fernandez, o Domingo Legal passa a mensagem de que "não existe fracasso que não possa ser superado pelo consumo". A conselheira diz que o discurso do apresentador Gugu Liberato às vezes sequer passa a idéia de que está vendendo um produto. Ele leva especialistas ou pessoas famosas que conseguiram "mais coisas na vida graças ao uso do produto". A conselheira Sônia Maria Guedes de Medeiros, professora universitária, identificou um grande espaço para merchandising no Programa do Faustão. Mas o apelo sexual e a valorização do corpo no programa do apresentador Fausto Silva são os principais alvos de crítica da conselheira. No concurso das mais belas pernas do verão, por exemplo, a câmera focava demoradamente da cintura aos pés. "Com este foco pela metade, o apelo sexual se exacerba." Na busca de audiência, os programas retratam situações e palavras com duplo sentido e exibem cenas constrangedoras que beiram a discriminação, comentaram os conselheiros. Entidades representativas de gays e lésbicas queixam-se do Eu Vi na TV, do apresentador do João Kleber. "Eles alimentam no inconsciente da população que todos os homossexuais são palhaços e estimulam a violência física e verbal contra os gays", diz o conselheiro e jornalista Welton Trindade. A conselheira e publicitária Rachel Moreno destaca a ridicularização do cidadão nas "pegadinhas" do Programa Sergio Malandro. "A mensagem é: vale tudo por cinco minutos de notoriedade." Para o conselheiro e jornalista Laurindo Lalo Leal Filho, o Programa do Ratinho transforma em espetáculo público assuntos privados e estimula a resolução de conflitos pela violência. O presidente da Comissão de Direitos Humanos, deputado Orlando Fantazzini (PT-SP), pediu aos conselheiros que busquem fundamentação legal e psicológica para as críticas, a fim de terem argumento na discussão com as emissoras, produtoras e patrocinadores. A comissão realizará pesquisa para conferir se realmente a população gosta dos programas ou não troca o canal por falta de opção. No conselho foi proposto que programas das TVs fechadas passem a ser exibidos nas TVs abertas, durante seis meses, para pesquisar a audiência.

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