Lista fechada perde força na reforma

Aprovação do projeto poderia desagregar base do governo e dificultar formação de alianças nos Estados

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Por Denise Madueño
Atualização:

Os maiores partidos da base de apoio ao Palácio do Planalto recuaram e desistiram de aprovar a eleição por meio de lista partidária fechada - na qual os eleitores votam no partido e não no candidato diretamente - e caminham para enterrar a proposta de realizar uma reforma política neste ano. A reação negativa de PSB, PR, PP, PTB levou o PMDB e o PT a abandonar a lista fechada para as próximas eleições e evitar qualquer tema que sirva para desagregar a base, o que poderia provocar consequências negativas na construção de alianças. A avaliação foi feita em reunião na noite de terça-feira entre os líderes da base, o ministro de Relações Institucionais, José Múcio Monteiro, e o líder do governo na Câmara, Henrique Fontana (PT-RS), na casa do vice-líder do governo, Ricardo Barros (PP-PR). Segundo um dos participantes, não é possível fazer algo que obrigue partidos da base a entrar em campos opostos. O grupo considerou que há uma movimentação política grande no momento, com a pré-candidata Dilma Rousseff, ministra da Casa Civil, em tratamento de um câncer, e que seria inteligente preservar a base para impedir, entre outros resultados, o assédio de outros candidatos aos partidos da base. Outro efeito colateral da insistência em aprovar a lista fechada seria a obstrução de votações de interesse do governo na Câmara. O líder do PSB, deputado Rodrigo Rollemberg (DF), ameaçou dificultar os trabalhos e anunciou que o partido fecharia questão contra a lista. "O ideal não é fazer alteração para agora, mas para 2014. Quero viabilizar a reforma política", considerou o líder do PT, deputado Cândido Vaccarezza (SP). Segundo ele, a reunião de líderes marcada pelo presidente da Câmara, Michel Temer (PMDB-SP), para debater como será feita a reforma política deve virar apenas uma discussão sobre a pauta de votação para a próxima semana. "Até a gente criar melhor consenso na Casa." O temor é que as divergências acabem enterrando de vez a possibilidade de qualquer tipo de reforma. O PT já tem uma alternativa no caso de não ser possível aprovar a lista fechada e o financiamento público exclusivo de campanha, dois pontos fundamentais para o partido. Será apresentada a proposta instituindo um Congresso revisor, eleito em 2010, para, no ano seguinte, tratar de temas específicos da reforma política. Nos bastidores, líderes criticam a forma como Temer conduziu a discussão da reforma, criando um grupo de trabalho para apresentar um projeto. Segundo esse entendimento, a iniciativa foi açodada, o grupo não articulou o projeto e o resultado foi uma movimentação forte dos deputados contrários à lista.

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