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Linha do tempo: relembre as brigas de Bolsonaro no PSL

Após 22 meses na sigla, presidente anunciou oficialmente sua saída do partido na terça

Foto do author João Ker
Por João Ker
Atualização:

Após reunião com parlamentares próximos da ala “bolsonarista” do PSL, o presidente Jair Bolsonaro confirmou oficialmente na terça-feira, 12, a sua saída da sigla que o elegeu nas eleições do ano passado. O anúncio vem após meses de discussões públicas, rachas entre deputados da base e troca de ofensas pela imprensa, posicionando os membros do partido entre defensores da família Bolsonaro e do dirigente Luciano Bivar.

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Abaixo, confira uma linha do tempo com os principais embates de Bolsonaro ao longo dos seus 22 meses no PSL:

Dezembro, 2017: PSL rechaça Bolsonaro: ‘autoritário’ e ‘intolerante’

Enquanto ainda buscava uma sigla para lançar sua campanha à presidência, o então deputado federal Jair Bolsonaro abandonou as negociações com o Patriotas para pleitear uma vaga no PSL presidido por Bivar. Em nota, o partido rechaçou a ideia de filiar o deputado, afirmando que ele representava o “autoritarismo” e a “intolerância”, sendo totalmente “incompatível com os ideais e o processo de renovação política” do PSL.

Janeiro, 2018:  ‘É um orgulho tê-lo ao nosso lado’

Menos de um mês depois, Luciano Bivar anunciou que o PSL lançaria Bolsonaro como seu candidato à Presidência da República. “Existem mais semelhanças do que diferenças entre Bolsonaro e o nosso pensamento liberal”, disse ao Estado

Em carta, Bolsonaro e Bivar falam em 'liberalismo sem viés ideológico' Foto: PSL/Divulgação

Março, 2018: Ambiente hostil no PSL

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Mesmo após ter oficializado sua filiação ao PSL, o candidato à presidência encontrou resistência interna no partido, que já havia sofrido com a debandada de deputados liberais da sigla. Outro embate interno foi entre os apoiadores católicos e evangélicos de Bolsonaro. “Tenho certeza de que tudo será resolvido da melhor forma”, minimizou Bivar à época.

Abril, 2018: Começa o apadrinhamento de Eduardo como líder

Antes da confusão entre áudios vazados e as disputas entre Eduardo Bolsonaro e Joice Hasselmann ou Eduardo e Major Olímpio, o candidato à presidência já havia expressado seu desejo de emplacar o “filho 03” como líder da bancada. Na época, a função era exercida pelo deputado Felipe Francischini.

O deputado Eduardo Bolsonaro no plenário da Câmara, em Brasília, anunciado como novo líder do PSL na Casa Foto: Gabriela Bilo/Estadão

Outubro, 2018: Bebianno deixa a presidência do PSL

Após ter assumido a presidência da sigla para que Bivar pudesse focar em sua campanha a deputado federal, Gustavo Bebianno deixa o cargo no dia seguinte à eleição. Ele assumiria mais tarde a Secretaria-Geral da Presidência e, um mês depois, seria o primeiro ministro demitido do governo Bolsonaro.

O ex-ministro da Secretaria Geral, Gustavo Bebianno, com o presidente Jair Bolsonaro, em outubro de 2018 Foto: REUTERS/Ricardo Moraes

Novembro, 2018: Major Olímpio reclama da ‘falta de acesso’ à equipe Bolsonaro

Logo após a eleição de Bolsonaro, o deputado Major Olímpio reclamou da falta de acesso à equipe de transição do recém-declarado presidente. “A grande maioria são novos, 48 não estavam em mandatos. Acabam sendo questionados sobre o processo de transição e até questões nos seus estados. Estávamos sem essa interlocução”, admitiu à época.

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Dezembro, 2018: ‘Lavação de roupa suja’ no Whatsapp

Parlamentares eleitos pelo PSL teriam incomodado a família Bolsonaro e antigos deputados. “O que ocorreu foi o vazamento de um grupo de WhatsApp em que a gente estava lavando roupa suja. Mas não vejo isso como prejudicial para a governabilidade de Jair Bolsonaro, não", admitiu o deputado.

Fevereiro, 2019: MP investiga laranjas do PSL

Pouco mais de um mês após Jair Bolsonaro ter assumido a Presidência, o Ministério Público começa a investigar o PSL por candidaturas “laranja” nas eleições de 2018, em Minas Gerais. O primeiro citado no caso é o atual ministro do Turismo, Marcelo Álvaro Antônio, e as investigações também chegam a Bebianno. Após um desentendimento nas redes sociais com Carlos Bolsonaro, o ministro se torna o primeiro funcionário do alto escalão a ser demitido pelo presidente. 

Também não ajudou que outra investigação da Procuradoria Regional Eleitoral de Pernambuco corria paralela à das candidaturas laranja, desta vez para apurar o uso indevido de fundo partidário e caixa dois para a contratação de uma empresa do filho de Luciano Bivar

Março, 2019: ‘Bolsonaro precisa mudar sua mentalidade de deputado’

Com três meses de governo, a deputada estadual pelo PSL em São Paulo Janaína Paschoal criticou a postura do presidente que, a seu ver, ainda estava agindo como um “deputado temático”. "Não estou falando de abandono de convicções. Estou falando sobre a necessidade de entender que ser presidente é muito diferente de ser um deputado temático, com todo respeito aos parlamentares que se limitam a um único tema", escreveu em seu Twitter.

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Maio, 2019: Manifestações pró-governo causam racha no partido

As manifestações pró-Bolsonaro convocadas através das redes sociais começam a causar um racha maior na base do PSL, com nomes como Janaína Paschoal e Joice Hasselmann posicionando-se publicamente contra a articulação. Mais uma vez, a sigla se dividiu entre a ala “olavista”, da qual fazem parte os filhos do presidente, e a ala “bivarista” do partido. 

Janaina Paschoal, deputada estadual eleita por São Paulo Foto: Felipe Rau/Estadão

Junho, 2019: Bolsonaro fica ‘chateado’ e ‘irritado’ com o PSL

Em junho, Luciano Bivar foi acusado de prestar contas do PSL apresentando à Câmara e ao Tribunal Superior Eleitoral notas fiscais de uma empresa que vende este tipo de documento. De acordo com aliados do presidente ouvidos pelo Estado, Bolsonaro teria se irritado com os escândalos em torno do PSL e temeu que sua imagem fosse prejudicada pelo partido que o elegeu.

No mês anterior, o presidente já tinha manifestado seu descontentamento com o partido em entrevista à Veja, quando citou o caso de Fabrício Queiroz, ex-assessor de Flávio Bolsonaro, e disse que alguns deputados eleitos pela sigla não tinham experiência. “O pessoal chegou aqui completamente inexperiente, alguns achando que vou resolver o problema no peito e na raça. Não é assim."

O deputado federal Luciano Bivar (PE), presidente do PSL Foto: Dida Sampaio/Estadão

Agosto, 2019: Bolsonaro pede expulsão de Frota após críticas do deputado

A indicação de Eduardo Bolsonaro à embaixada em Washington inflamou os ânimos de membros do PSL, mas o maior exponente de descontentamento foi Alexandre Frota, que escreveu uma carta aberta ao presidente. No texto, ele chama a indicação como “o que há de mais velho na política” e afirma que o filho 03 não está apto para o serviço. Na semana seguinte, o deputado foi expulso do partido, a pedido de Bolsonaro.

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O deputado federal Alexandre Frota em seu gabinete na Câmara dos Deputados Foto: Gabriela Biló/Estadão

Outubro, 2019: 'Esquece o PSL’, ‘implodir o presidente’ e ‘situação insustentável’

Após uma reunião entre Jair Bolsonaro e deputados do PSL, aliados do presidente afirmaram que sua situação no partido era “insustentável”. De acordo com sua advogada, Karina Kufa, o motivo principal do descontentamento seria a “falta de transparência” da sigla nas alterações de estatutos e eleições internas.  

O clima se intensificou após o presidente ter pedido publicamente a um apoiador para “esquecer” o PSL e afirmar que Bivar estava “queimado pra caramba”. Sua insatisfação teria crescido após sua dificuldade em controlar a sigla para as eleições 2020. Como resposta, o dirigente da sigla declarou que Bolsonaro não tinha mais relações com o partido e afirmou ao Broadcast Político/Estadão: “Quando ele diz a um estranho para esquecer o PSL, mostra que ele mesmo já esqueceu”.

O racha foi potencializado pelo vazamento de um áudio em que Delegado Waldir ameaça “implodir” o presidente, o que chega à guerra de listas para que Eduardo Bolsonaro substitua o deputado no posto de liderança do partido na Casa. 

Novembro, 2019: Bolsonaro anuncia saída do PSL

Bolsonaro confirmou nesta segunda-feira, 11, que sairia do partido através de uma mensagem enviada no grupo de Whatsapp “Time Bolsonaro”. O presidente informou apenas horário e local de uma reunião às 16h, no Palácio do Planalto, o que foi suficiente para os deputados convidados contarem com um anúncio oficial de sua saída do PSL.

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