Lieberman quer Brasil de mediador no Oriente Médio

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Por Eugênia Lopes
Atualização:

Depois de se reunir com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva, o chanceler israelense, Avignor Lieberman, defendeu hoje que o Brasil assuma a liderança nas negociações de paz no Oriente Médio e atue como mediador para convencer o Irã a suspender o seu programa nuclear. Em entrevista no Itamaraty, o chanceler israelense afirmou que o Irã é uma "grande ameaça não só para Israel, mas também para o mundo inteiro"."O Brasil é um País que tradicionalmente tem fortes vínculos com o mundo árabe, tem boas relações com Israel e pode ser um bom negociador", disse Lieberman. "Acredito que o Brasil, talvez mais do que qualquer outro país, possa convencer os iranianos a parar com o seu programa nuclear", completou o chanceler israelense, ao observar que alguns países, como o Egito, "falam abertamente que não podem admitir que o Irã seja uma potência nuclear".Na avaliação de Lieberman, a boa relação do Brasil com países árabes também pode ajudar nas negociações de paz na região. "O Brasil tem ótima relação com a Síria e com os palestinos e acredito que possa contribuir para esse diálogo direto entre Israel e seus vizinhos", afirmou o chanceler israelense. Sem ser específico ou citar casos, Lieberman disse ainda que "há mal-entendidos e desentendimentos entre Brasil e Israel talvez pela falta de diálogo direto entre os dois países".Ao lado de Lieberman, o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, confirmou a visita do presidente do Irã, Mahmoud Ahmadinejad, ao Brasil - a data ainda não foi definida, mas deve ocorrer no mês que vem, depois da posse de Ahmadinejad. "O Brasil fez um convite ao presidente do Irã e esse convite continua de pé", garantiu Amorim. Ele observou que o Brasil mantém uma política de diálogo com todos os países, mesmo que não concorde com suas posições e opiniões. "O Brasil tem uma política de diálogo. O Brasil não dialoga só com quem concorda em tudo. Se conversássemos apenas com as pessoas que estão de acordo escreveríamos um monólogo", ironizou o ministro brasileiro.Após se despedir de Lieberman, Amorim revelou ter ficado surpreso com o chanceler israelense. "Achei ele (Lieberman) mais aberto a conversar do que talvez eu pudesse esperar pelas descrições", confessou. Amorim destacou, no entanto, que o governo brasileiro tem uma visão diferente da do chanceler israelense sobre o aumento dos assentamentos judaicos na Cisjordânia. "Ele (Lieberman) diz que não tem havido aumento dos assentamentos, mas acho que isso é discutível", disse Amorim.

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