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Líderes pedem que Sarney reveja uso de servidores

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Por Rosa Costa
Atualização:

Adversários na maioria das votações, o líder do PT, Aloizio Mercadante (SP), e os líderes da oposição, José Agripino (DEM-RN) e Arthur Virgílio (PSDB-AM), se aliaram e pediram hoje que a direção da Casa cancele a decisão eleitoreira tomada ontem: a autorização para que os 11 integrantes da Mesa Diretora do Senado e mais os 14 líderes dos partidos tenham direito a usar três funcionários comissionados nos escritórios políticos mantidos nos Estados que são as bases eleitorais dos senadores.O presidente do Senado, José Sarney (PMDB-AP), disse no plenário que a autorização atendia a "todos os líderes". A nota divulgada hoje pela presidência do Senado, porém, comprova que o termo "todos" refere-se apenas a sete líderes - uma deles, o líder da minoria, senador Raimundo Colombo (DEM-SC), anunciou que vai retirar sua assinatura. Colombo disse ter concordado com o deslocamento dos assessores a pedido do líder do PSB, senador Antonio Carlos Valadares (SE). "Eu não sabia direito do que se tratava, mas como ele disse que todos os líderes tinham concordado, eu não quis ser do contra".Da tribuna do plenário, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) também pediu que Sarney recue da decisão eleitoreira. "Faço um apelo para que a Mesa recue. Recuar é um gesto bonito, mas é um gesto triste". Com ironia, Simon disse que o "recall" dos líderes mostrou que Agripino, Virgílio e Mercadante não estavam entre "todos" que pediram a medida. Na prática, a medida significa que alguns senadores - os líderes e os que compõem a Mesa Diretora - serão privilegiados, pois terão mais gente trabalhando nas campanhas eleitorais deles.Valadares assumiu a paternidade da ideia e defendeu a medida que, na sua opinião, não está errada. "Se a maioria quiser recuar, não tem problema", alegou. "Se é para atender a mídia, vamos atender a mídia", provocou. Ele disse que não consultou Agripino, Virgílio e Mercadante - representantes dos maiores partidos, depois do PMDB - sobre o pedido de cinco linhas, apresentado à Mesa num papel timbrado de seu gabinete.Há 37 dias, a própria Mesa Diretora decidiu que somente os assessores dos gabinetes podem atuar nos escritórios políticos do Estado. Recuou - segundo a nota da presidência - porque esses assessores já estão nos Estados. Com exceção do PMDB, com 17 senadores e PDT, com 5 parlamentares, as demais cinco bancadas que tiveram o pedido atendido pela Mesa Diretora não deveriam nem mesmo ter líder.O parágrafo 4º do artigo 61 do Regimento Interno do Senado determina que "as vantagens administrativas adicionais estabelecidas para os gabinetes das lideranças somente serão admitidas às representações partidárias que tiverem, no mínimo um vinte e sete avos da composição do Senado". Ou seja, três senadores. O PSB tem apenas Valadares e o senador Renato Casagrande (ES). O PRB está representando por Marcelo Crivella (RJ) e Roberto Cavalcanti (PB). Inácio Arruda é o único membro do PC do B, ocorrendo o mesmo com Francisco Dornelles (RJ) que é líder dele mesmo.

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