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Líderes do Congresso reagem a Bolsonaro e veem ataque a Barroso como ameaça

Presidente disse que Barroso cometeu 'militância política' e 'politicalha' ao determinar a abertura de CPI

Foto do author Daniel  Weterman
Por Daniel Weterman
Atualização:

BRASÍLIA - Líderes do Congresso reagiram ao ataque do presidente Jair Bolsonaro contra o ministro Luís Roberto Barroso, do Supremo Tribunal Federal (STF). O chefe do Executivo afirmou que o magistrado cometeu “militância política” e “politicalha” ao determinar a abertura de uma Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado para investigar a atuação do governo na pandemia de covid-19

Líderes de partidos e blocos de oposição no Congresso se uniram ao líder do MDB na Câmara, Isnaldo Bulhões (MDB-AL), e emitiram uma nota conjunta para criticar o comentário. O emedebista se diz independente e evita se posicionar como oposição ao governo. Os parlamentares veem ameaça de Bolsonaro contra a democracia e afirmam que a conduta pode ser enquadrada como crime de responsabilidade, dando base jurídica para um processo de impeachment. 

O presidente da República, Jair Bolsonaro Foto: Adriano Machado/ Reuters

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"Eventuais inconformismos com decisões judiciais podem ser manifestados através de críticas, jamais de ameaças ou ações que tenham por objetivo constranger ou intimidar um juiz", diz a nota. "Em um momento gravíssimo como esse que nosso país atravessa, com milhares de brasileiros morrendo diariamente vítimas de Covid, é inacreditável que o governo federal se dedique a atacar outro Poder, em vez de investir todo o seu tempo e energia na busca de vacinas, leitos, medicamentos e oxigênio para nosso povo."

Para estes líderes, o ataque de Bolsonaro a Barroso, além de ser "mais um" crime de responsabilidade do chefe do Planalto, "só reforça a necessidade de uma investigação séria e profunda sobre as ações e omissões do governo Bolsonaro no enfrentamento à pandemia. A agressividade de sua reação é sinal de que tem muito a esconder."

A criação da CPI da Covid preocupa o Palácio do Planalto por aprofundar o desgaste do governo em um momento de queda de popularidade de Bolsonaro e de agravamento da pandemia. Uma vez criada, a comissão poderá convocar autoridades para prestar depoimentos, quebrar sigilo telefônico e bancário de alvos da investigação, indiciar culpados e encaminhar pedido de abertura de inquérito para o Ministério Público.

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