23 de novembro de 2015 | 14h13
BRASÍLIA - O líder do PT na Câmara dos Deputados, Sibá Machado (AC), negou nesta segunda-feira, 23, que haja orientação do governo para blindar o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), e disse que a oposição não vai colocar essa responsabilidade sobre os petistas. "Essa conta é dos tucanos. Eles é que têm que pagar. Não venham colocar problemas sob nossa responsabilidade. Não estamos aqui para alimentar firula política, como é o caso do impeachment", rebateu Sibá.
Segundo o líder, a preocupação da bancada é garantir a aprovação no Congresso das matérias de interesse do governo, como a Lei de Diretrizes Orçamentárias de 2016, a revisão da meta fiscal de 2015 e concluir a votação do projeto de repatriação de recursos não declarados no exterior.
Para o petista, a posição do PSDB é dúbia, uma vez que os oposicionistas sempre se beneficiaram da aliança informal com Cunha. Apesar de reiterar que não há orientação do governo sobre a atuação dos três petistas no Conselho de Ética, que julga processo disciplinar contra Cunha, Sibá admitiu que haverá uma reunião com o ministro da Secretaria de Governo, Ricardo Berzoini, e que este assunto pode vir à pauta. O líder, no entanto, destacou que reuniões desse tipo acontecem todas as segundas-feiras, no final do dia.
O deputado petista afirmou que não foi informado ainda de nenhuma reunião com o ministro-chefe da Casa Civil, Jaques Wagner.
Sem pressão. O vice-líder do governo na Câmara dos Deputados, Paulo Teixeira (PT-SP), também afirmou nesta segunda-feira que não haverá pressão do Palácio do Planalto para proteger o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), no processo em curso no Conselho de Ética. "O governo não vai orientar (deputados) pelo partido", declarou o petista.
Teixeira reforçou que os três petistas titulares do colegiado estarão presentes na sessão desta terça-feira, 24, marcada para a apresentação do relatório prévio do deputado Fausto Pinato (PRB-SP). O vice-líder se mostrou favorável à aprovação da admissibilidade do processo por quebra de decoro parlamentar e defendeu que as instâncias da Câmara funcionem sem cerceamento. "Caso as provas sejam contundentes, vamos votar pela cassação", afirmou.
Negando pacto para preservar Cunha, Teixeira disse que o PT agirá com independência no Conselho de Ética. "O Palácio vai ficar distante desse debate. A postura do governo é de não se envolver", reforçou.
Ele disse ser contrário à judicialização do caso, como propõem alguns partidos de oposição. "O Parlamento vai resolver a questão. Sou pela solução Congresso Nacional", afirmou. Na semana passada, o PPS anunciou que entrará com um mandado de segurança no Supremo para afastar Cunha da presidência da Casa.
O deputado disse que o posicionamento sobre o processo contra Cunha ainda será construído na bancada e no partido. Segundo ele, a principal preocupação é com a garantia do funcionamento da Câmara. Em sua avaliação, a oposição quer radicalizar ao propor a obstrução das sessões e jogar para os aliados do governo a responsabilidade sobre o caso do peemedebista.
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