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Líder do PSDB pede abertura de inquérito contra Traumann

Para tucano, ministro cometeu improbidade ao ‘misturar estruturas de Estado com órgãos partidários’ em documento interno sobre comunicação

Por Daiene Cardoso
Atualização:

Atualizado às 21h25

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Brasília - O líder do PSDB na Câmara, Carlos Sampaio (SP), protocolou nesta sexta-feira, 20, representação junto à Procuradoria da República do Distrito Federal pedindo a abertura de inquérito civil contra o ministro Thomas Traumann, da Secretaria de Comunicação Social da Presidência da República (Secom). O tucano alega que o ministro praticou improbidade administrativa ao produzir um documento cujo objetivo, segundo ele, seria promover a imagem pessoal da presidente Dilma Rousseff em um contexto político-eleitoral. 

No documento reservado do Palácio do Planalto revelado pelo Estado, a Secom apontava uma comunicação “errada” e “errática” do governo. Entre alguns pontos, o texto afirmava que os apoiadores de Dilma estavam levando uma “goleada” da oposição nas redes sociais e apontava como solução para reverter o “caos político” agravado pelos protestos de 15 de março o investimento maciço em publicidade oficial em São Paulo, cidade administrada pelo petista Fernando Haddad, e onde se concentra hoje a maior rejeição ao PT. “Não será fácil virar o jogo”, previa o texto. 

Na avaliação do líder do PSDB, o ministro usou a máquina administrativa e os recursos públicos em favor do projeto de poder do PT. “Pelo que se extrai do referido documento, em nenhum momento as ações da Secom visavam beneficiar o cidadão brasileiro, mas sim fazer com que a presidente Dilma se viabilizasse politicamente e eleitoralmente”, afirmou o tucano em nota. Entre as sanções ao qual o ministro está sujeito, em caso de condenação, está a perda da função pública. 

Deputado federal e líder do PSDB na Câmara,Carlos Sampaio Foto: Dida Sampaio/Estadão

O documento que circulou entre ministros, dirigentes petistas e assessores do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva era dividido em três partes: “Onde estamos”, “Como chegamos até aqui” e “Como virar o jogo”. Na primeira, o governo elaborava um diagnóstico do momento e admitia equívocos de ação, principalmente nas redes sociais. “A comunicação é o mordomo das crises. Em qualquer caos político, há sempre um que aponte ‘a culpa é da comunicação’. Desta vez, não há dúvidas de que a comunicação foi errada e errática. Mas a crise é maior do que isso”, diagnosticava. 

Apesar da constatação, a Secom tentava dividir o ônus da crise. “Ironicamente, hoje são os eleitores de Dilma e Lula que estão acomodados com o celular na mão enquanto a oposição bate panela. Dá para recuperar as redes, mas é preciso, antes, recuperar as ruas”, dizia o material do governo, que também apontava o isolamento da presidente e falava do sentimento de “abandono e traição” entre os dilmistas. O ministro tirou seis dias de férias, pré-agendadas, na quarta-feira. 

Mistura. O líder do PSDB considerou que o ministro envolveu pessoas alheias à administração pública, como o PT, blogueiros e o Instituto Lula, em ações governamentais. “O PT mistura as estruturas de Estado com órgãos partidários, como fez neste caso, ao dividir as atribuições da secretaria com o Instituto Lula e a sua agremiação partidária.”

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Para Sampaio, ao produzir o documento, o ministro extrapolou as atividades da Secom, que deveriam estar relacionadas às atribuições exclusivas da Presidência da República. “Esse proceder do ministro ofende os princípios da impessoalidade e da legalidade e, por consequência, faz com que ele incorra no disposto no artigo 11 da lei 8.429/92”, disse o tucano. 

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