BRASÍLIA - O líder do PDT na Câmara dos Deputados, André Figueiredo (CE), disse que o escândalo no Ministério do Trabalho envolvendo o esquema de desvio de verbas de convênios com uma entidade sem fins lucrativos não abala a relação da sigla com o governo da presidente Dilma Rousseff. Figueiredo, que é vice-presidente nacional do PDT, disse que o partido gostaria que a vaga de secretário-executivo da pasta, ocupada até essa terça-feira, 10, pelo pedetista Paulo Roberto Pinto, fosse preenchida por um técnico.
"Na eventual substituição do secretário-executivo, que seja dada por um técnico, sem vinculação partidária, indicado por algum órgão de controle", defendeu o líder. Segundo Figueiredo, em reunião da Executiva do partido na tarde desta quarta-feira, 11, foi sustentado que o novo secretário-executivo deve ajudar a montar uma equipe para "passar um pente fino" em todos os convênios. Figueiredo ratificou que nada mudará na relação com o governo. "Isso não nos motiva a deixar de acreditar no governo Dilma", afirmou.
Afagado na segunda-feira, 10, pela presidente Dilma durante a cerimônia de sanção do projeto que destina recursos dos royalties do petróleo para Educação e Saúde, Figueiredo disse que ficou impressionado com o poder da presidente de absorver sua proposta. Anteriormente, PT e a própria liderança do governo na Câmara insistiram que o projeto deveria destinar 100% dos recursos para Educação. "A presidente compreendeu na oportunidade que tivemos de apresentar o relatório e ela abraçou isso", comentou.
Postura. Figueiredo evitou criticar a postura do Palácio do Planalto diante da operação da Polícia Federal e disse que cabe à PF investigar e prender os suspeitos no caso. "A PF fez o que deveria ser feito", resumiu. O cacique pedetista disse que, diante do episódio, o partido não deve fazer exigências ao governo.
Na tribuna da Câmara, Figueiredo defendeu que "tudo seja definitivamente apurado". Ao Broadcast Político, o líder ressaltou que até agora não viu nada "que fizesse alusão" ao envolvimento efetivo do ex-secretário e que uma futura desfiliação da sigla só acontecerá quando houver "provas cabais" contra Paulo Roberto Pinto.
Reunião. Os dirigentes discutiram no encontro da Executiva do PDT a situação do partido nos Estados e chegaram à conclusão de que é preciso montar uma força-tarefa para evitar a debandada de parlamentares com a criação de novas legenda, entre elas o Partido da Solidariedade, do deputado Paulo Pereira da Silva (SP), o Paulinho da Força. Na avaliação dos pedetistas, o partido deve perder cinco parlamentares para o partido de Paulinho.
Atualmente, 26 deputados compõem a bancada do PDT, mas não está descartada a entrada de novos deputados com o início da temporada de trocas partidárias. "Não queremos ficar com ninguém no partido que não seja verdadeiramente pedetista", disse Figueiredo.