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Líder de arrozeiros é preso durante visita de Lula a RO

Paulo César Quartiero participava de manifestação contra decisão que demarcou terra indígena no Estado

Por Liege Albuquerque
Atualização:

Quatro arrozeiros ficaram feridos em confronto com a polícia militar em frente ao parque Anauá, onde o presidente Luiz Inácio Lula da Silva fechou a agenda em Roraima nesta segunda-feira, 14. O líder dos arrozeiros, o empresário Paulo César Quartiero, levou cinco pontos na cabeça. Segundo o comandante da polícia militar de Roraima, coronel Waney Raimundo Vieira Filho, os quatro serão presos ao saírem do hospital por desacato a autoridade, desobediência e resistência à prisão.

 

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"Estamos aqui lutando para não entregar nosso Estado aos indígenas e o presidente Lula já está planejando outra demarcação", reclamou Quartiero pela manhã, quando foi realizada a primeira manifestação do dia, em frente ao aeroporto de Boa Vista. Na manifestação à tarde, quando o empresário foi ferido por um cassetete de um policial, ele segurava um cartaz escrito "Pela desintrusão dos ecoparasitas".

 

Quartiero foi o líder das manifestações contra a demarcação contínua das terras indígenas da reserva Raposa Serra do Sol. Foi preso em uma das manifestações e, quando solto, foi recebido em festa pela população de Roraima. O fazendeiro é ex-prefeito de Pacaraima, cidade a 250 km da capital e é dono de duas das maiores fazendas de produção de arroz de Roraima.

 

Cerca de 50 pessoas vestidas de preto, levando balões de gás pretos e sacolas com ovos gritavam palavras de ordem como "Fora Lula entreguista" em frente ao aeroporto de Boa Vista, lideradas por Quartiero. No aeroporto, indiferente à manifestação, o presidente inaugurava obra de ampliação feita com verba de R$ 9 milhões do PAC.

 

Em seguida, o presidente deu entrevista a rádios locais dizendo que a demarcação não era para ser discutida, e sim para ser cumprida. "A parte não demarcada (de Roraima) é equivalente ao estado de Sergipe e é necessário um plano de desenvolvimento para ela", disse o presidente.

 

Durante a manifestação, os arrozeiros seguravam cartazes e alguns choravam, como a fazendeira Regina da Silva. Ela fez um cartaz com cópias de multas no valor de R$ 7 milhões que ela tem de pagar ao Instituto Brasileiro de Meio Ambiente e Recursos Naturais e Renováveis (Ibama). "Vou ter de pagar por uma terra em que eu produzia e agora é dos índios", disse.

 

Confronto

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Segundo Quartiero, a manifestação da manhã foi bem mais pacífica. "Embora alguns companheiros tenham chutado uns carros da Polícia Federal. Mas de tarde quiseram nos impedir de entrar, só que o parque é lugar público, não é como o aeroporto que é federal", disse.

 

Segundo o comandante da PM, até o início da tarde seria permitida a entrada dos manifestantes no parque, mas por volta das 15 horas uma funcionária da secretaria da Presidência identificada como Lígia teria impedido que eles entrassem. A reportagem procurou a assessoria da Presidência, que confirmou que Lígia trabalha na secretaria da Presidência, mas não houve retorno ao telefonema para informar sobre a suposta ordem para os manifestantes não entrarem no parque.

 

"Quando informamos aos manifestantes que eles não poderiam entrar por ordem da Presidência, eles começaram a empurrar o portão principal e, junto, as pessoas que estavam na frente, incluindo mulheres e crianças", disse. De acordo com o coronel, os manifestantes jogaram urina, ovos e cadeiras nos policiais. "Aí tivemos de reagir com força e demos ordem de prisão".

 

Segundo Quartiero, a PM estava em frente ao Hospital Geral de Boa Vista esperando que ele, dois fazendeiros e a mulher de um deles saíssem para serem presos. "Não vamos resistir à prisão, mas não vamos parar com nossa luta e resistência", afirmou. Pela manhã, participou da manifestação o deputado federal Márcio Junqueira (DEM).

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