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Leite tenta criar ‘frente’ anti-Doria nas prévias tucanas

Governador gaúcho busca apoio de prefeitos paulistas

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Por Pedro Venceslau
Atualização:

Depois de receber o apoio do senador Tasso Jereissati (CE), que desistiu das prévias do PSDB, o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, tenta montar uma “frente” contra seu principal adversário na disputa interna, o governador de São Paulo, João Doria. Nas últimas semanas, Leite buscou o apoio de prefeitos paulistas para reduzir o favoritismo de Doria no Estado, principal colégio eleitoral tucano e também do País, na corrida para 2022.

O prefeito de Santo André, Paulo Serra, assumiu a coordenação da pré-campanha de Leite em São Paulo. Na semana passada, Serra organizou um ato com Leite em São José dos Campos, onde o prefeito, Felício Ramuth, é apontado como aliado estratégico do governador gaúcho. Participaram do encontro as principais lideranças do PSDB no Vale do Paraíba.

Eduardo Leite em São Paulo; nesta semana, governador gaúcho esteve com o ex-presidente Fernando Henrique. Foto: Marcelo Chello/Estadão

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“O apoio ao Eduardo Leite tem crescido no Estado (de São Paulo) e muitos diretórios se abriram para conhecer as propostas dele. O Eduardo é mais competitivo e tem mais viabilidade de diálogo com outros partidos”, disse Serra ao Estadão. O prefeito de Santo André afirmou que está organizando visitas de Leite às 11 regiões administrativas de São Paulo nos próximos 50 dias.

O Estado de São Paulo é governado pelos tucanos há quase 30 anos, e a sigla contabiliza 241 prefeitos e 99 vices do partido – são, portanto, 340 votos na eleição interna que vai definir o candidato à Presidência da República. No Rio Grande do Sul, o PSDB tem 31 prefeitos e 31 vices.

Esses números dão, em tese, vantagem a Doria. Pelo formato estabelecido pela executiva, o vencedor das prévias será escolhido da seguinte forma: quatro grupos vão votar no dia 21 de novembro – (1) filiados; (2) prefeitos e vice-prefeitos; (3) vereadores, deputados estaduais e distritais; (4) governadores, vice-governadores, ex-presidentes e o atual presidente da Comissão Executiva Nacional, deputados federais e senadores. Cada um desses grupos tem peso de 25% no total dos votos.

Leite já fez três viagens oficiais a São Paulo para encontrar a militância do partido. Doria ainda não foi ao Rio Grande do Sul na campanha das prévias.

Em uma dessas visitas, Leite se reuniu na Câmara Municipal de São Paulo com o líder do PSDB na Casa, vereador Reginaldo Tripoli, que declarou apoio a ele, o que causou desconforto com os demais sete vereadores do partido que estão fechados com Doria. “Leite é um cara plural e não está a fim de bater em ninguém. Ele tem uma disposição para o diálogo que não vejo no Doria”, disse o vereador ao Estadão

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O prefeito de São José dos Campos disse que ainda não decidiu se vai apoiar Leite ou Doria – há ainda um terceiro candidato nas prévias tucanas, o ex-prefeito de Manaus Arthur Virgílio. “Tenho um pé no muro com o Doria, outro com Leite e ainda vou tomar a decisão de ficar ou sair do PSDB. Nosso diretório é orgânico e vai tomar as decisões certas na hora certa”, afirmou Ramuth.

Após organizar o ato com o governador gaúcho em sua cidade, Ramuth almoçou com Doria no Palácio dos Bandeirantes, na quarta-feira passada. De acordo com ele, a decisão será tomada em conjunto com o deputado federal Eduardo Cury e o vice-prefeito da cidade.

Em outra frente, dois ex-presidentes do PSDB de São Paulo, Pedro Tobias e Antonio Carlos Pannunzio, também anunciaram apoio ao governador do Rio Grande do Sul nas prévias. Ambos são ligados ao ex-governador Geraldo Alckmin, que está de saída do partido.

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‘Caso isolado’. O presidente do PSDB paulista e secretário de Desenvolvimento Regional, Marco Vinholi, minimizou o apoio recebido pelo gaúcho em São Paulo. “Eles (Leite e Arthur Virgílio) são bem-vindos, mas, juntos, não somam nem 100 votos em um universo de 300 mil”, afirmou. Para o presidente do diretório municipal do PSDB de São Paulo, Fernando Alfredo, o apoio de Tripoli a Leite é um “caso isolado”. “Não representa a opinião da quase totalidade do diretório municipal do PSDB paulistano.”

No Rio Grande do Sul, a principal aliada de Doria é a ex-governadora Yeda Crusius, que preside o PSDB Mulher e organizou um evento com centenas de tucanas em apoio ao governador paulista.

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