PUBLICIDADE

Legistas encontram ossadas de guerrilheiros

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Legistas de Brasília encontraram numa antiga base do Exército em Xambioá (TO) cinco ossadas que acreditam ser de guerrilheiros do PC do B mortos durante a Guerrilha do Araguaia, no começo dos anos 70, no sul do Pará. O material será analisado em Brasília, onde desembarcou no final da tarde de ontem num avião da Força Aérea Brasileira. Um ex-oficial do Exército que esteve no local acompanhando deputados da Comissão de Direitos Humanos da Câmara Federal garante que duas das cinco ossadas seriam de Osvaldo Orlando da Costa, o Osvaldão, e de Valquiria, líderes da luta armada contra o regime militar. Os deputados Luiz Eduardo Greenhalgh (PT-SP) e Socorro Gomes (PC do B-PA) sobrevoaram diversas localidades de avião e estiveram nas áreas onde teriam sido enterrados os guerrilheiros, como na região da Serra das Andorinhas e Bacaba, em São Domingos do Araguaia. Eles ouviram muitos depoimentos de moradores que conviveram com os guerrilheiros, tomando conhecimento dos métodos que eram utilizados pelos agentes do Exército para descobrir os locais onde eles estariam escondidos. Três geólogos e quatro legistas do Instituto Médico Legal de Brasília, além de familiares de desaparecidos durante a guerrilha participaram das escavações. Socorro Gomes disse que o trabalho é lento e cheio de dificuldades. "Tudo está apenas no começo e depende da ajuda de testemunhas que viram os guerrilheiros serem presos pelo Exército". O mesmo trabalho, segundo Greenhalgh, será realizado no sul do Pará, onde o movimento foi mais forte. As buscas recomeçam na próxima semana. "Ainda há outras ossadas para serem desenterradas, analisadas e identificadas", disse o deputado. O agricultor Carlindo Pereira, passados mais de 30 anos da guerrilha, ainda guarda lembranças desagradáveis do que viu. "Era tudo em segredo. Eles chegavam na casa da gente e diziam que ninguém devia falar nada. Até conversar com estranhos era proibido". Quem desobedecia as ordens dos militares era preso e levado para Marabá. "Quem ajudou os guerrilheiros sofreu muito", resume Pereira.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.