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Langoni diz que a China corre riscos

Por Agencia Estado
Atualização:

Ex-presidente do Banco Central, o economista Carlos Geraldo Langoni vem estudando há tempos a economia da China e se confessou preocupado com o que pode acontecer no maior e mais fechado país asiático, que hoje atrai investimentos externos em larga escala. Entrevistado no programa Espaço Aberto, da Globo News, ele disse que existem problemas graves na China. Explicou que o modelo posto em prática pelo regime de Pequim é extremamente perigoso, pois estimula uma entrada de capitais, inclusive de curto prazo, em volumes expressivos, e, em seus bancos estatais, na realidade quatro grandes bancos centrais, há uma enorme influência política, com uma expansão de crédito absurdamente elevada, de 20% ao ano. Ele lembrou que grande número de empresas estatais chinesas faliram, e que os bancos locais estão agora emprestando também de forma irresponsável ao setor privado. Desaquecimento Para Langoni, a China terá agora de promover um desaquecimento em seu ritmo econômico, o que era algo impensável tempos atrás, pois o regime precisa de um crescimento rápido para se manter. Sua conclusão é que o desaquecimento chinês afetará sobremaneira a economia mundial. "Se esse processo não for realizado de forma voluntária e competente, ele vai acontecer de forma compulsória, porque a China vai esbarrar na parede da restrição, por exemplo, energética. Eles já estão vivendo racionamento de energia em várias cidades e em vários setores. Portanto, o problema todo hoje, na China, é se ela vai ter capacidade política e capacidade de gestão macroeconômica. Eles estão tentando usar mecanismos de controle e crédito e de preços, e isso no fundo não funciona. Nós somos PHDs no Brasil nesses instrumentos heterodoxos, e eles não funcionam." Atenção redobrada Na avaliação de Langoni, há o risco de um desaquecimento descontínuo na economia chinesa, que abocanhou 2/3 do investimento mundial nos últimos anos, sendo responsável inclusive pelo crescimento da Ásia, principalmente do Japão, cujo PIB deve crescer este ano mais de 3%, depois de uma longa estagnação. "A China, hoje, é um peso-pesado da economia mundial. O que acontece com a China tem de ser acompanhado com tanto cuidado quanto à própria preocupação que nós temos com o momento atual."

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