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Lafer defende "competência negociadora" do Itamaraty

Por Agencia Estado
Atualização:

Depois enfrentar nas Nações Unidas uma maratona de conversas sobre temas comerciais e políticos de interesse do Brasil nos últimos quatro dias, o ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, respondeu hoje às críticas contra o Itamaraty feitas pelo candidato do PT à Presidência, Luiz Inácio Lula da Silva. Lafer disse à Agência Estado que a competência negociadora da diplomacia brasileira está em "pleno vapor" para criar oportunidades para o País e melhorar sua posição no comércio internacional. "Respondo a todo mundo e também ao Lula", disse Lafer, ao ser indagado se estava se referindo às declarações feitas pelo candidato petista na Escola Superior de Guerra (ESG). Na sexta-feira, diante de uma platéia de militares, Lula declarou que os diplomatas brasileiros não estão preparados para os tempos atuais de guerra comercial e reiterou que adotará uma posição "mais dura" nas negociações da Área de Livre Comércio das Américas (Alca). Em meio a suas críticas, o candidato disse que o País não aproveitou o direito de retaliar comercialmente outras nações. Lafer não comentou o deslize, mas a Organização Mundial do Comércio (OMC) nunca deu ao Brasil a autorização para aplicar retaliações ao Canadá ou a outro país. Avanços A surpresa de Lafer com as declarações de Lula vieram no momento em que o chanceler conseguira costurar o início das negociações de um acordo de livre comércio entre o Mercosul e o bloco andino e ainda desanuviar as conversas com a União Européia - cujos efeitos sempre ressoam na Alca. Nos últimos meses, a diplomacia ainda conseguiu iniciar negociações com o México e destravar as conversas com a África do Sul. "Isso prova a capacidade negociadora do Itamaraty e seu poder de mobilização para criar oportunidades comerciais para o País e para a melhoria de suas condições negociadores", afirmou o ministro. Lafer tem enfrentado seguidas críticas dos presidenciáveis contra o rumo das negociações comerciais que envolvem o País e o preparo da diplomacia. Chegou a ouvir de Anthony Garotinho, do PSB, que os diplomatas não seriam capazes de vender empadinhas no exterior. Sendo tucano, o chanceler acabou chocando-se com a proposta do candidato de seu partido, José Serra, de criação de um Ministério do Comércio Exterior, que concentraria também a função de conduzir as negociações comerciais. Lafer argumenta que os diplomatas detêm a memória de cada rodada comercial, conhecem as posições e os lances defendidos pelos interlocutores e estão preparados para a prática das negociações.

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