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Lacerda troca PF por chefia da Abin

Para seu lugar vai Luiz Fernando Corrêa, secretário nacional de Segurança do Ministério da Justiça

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Por Vannildo Mendes
Atualização:

Brasília - O diretor-geral da Polícia Federal, delegado Paulo Lacerda, assumirá a chefia da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Para seu lugar na PF irá o delegado Luiz Fernando Corrêa, atual secretário nacional de Segurança Pública, do Ministério da Justiça. O diretor da Abin hoje, Marcio Buzzanelli, foi informado de que está fora pelo ministro-chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Armando Félix. As mudanças nas cúpulas da PF e da Abin foram decididas ontem à noite pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em reunião com o ministro da Justiça, Tarso Genro - que vinha defendendo a nomeação de Corrêa para a PF. Corrêa é ligado ao PT, foi indicado para a secretaria pelo ex-ministro José Dirceu e tem respaldo das bases corporativas da polícia. Não conta, porém, com o apoio da maioria dos delegados. Para o lugar de Corrêa é cotado o ex-deputado petista Antonio Carlos Biscaia (RJ), atual secretário nacional de Justiça. E para esta secretaria, o nome mais forte é o do ex-deputado do PT Sigmaringa Seixas (DF). Lacerda já havia manifestado o desejo de sair da PF e chegou a ser convidado para ocupar o Ibama. Acabou aceitando o cargo de que, por toda a vida, disse querer distância. Ao longo da carreira, ele sempre avaliava que tudo estava errado na Abin. Por isso, é provável que a agência seja reformulada. A saída de Lacerda desencadeará também uma reformulação na PF, especialmente no modo de atuação e na alternância do grupo que a comandou nos últimos anos. Ao conversar com Lacerda, Lula agradeceu a atuação da PF nos últimos anos e lembrou pesquisa do Ibope realizada entre os dias 7 e 9 pelo Ibope com 1.400 entrevistados por telefone em todo o País. A pesquisa revela que 69% da população confia na PF, enquanto 26% dizem não confiar. A Polícia Militar teve 50% de aprovação e 47% de desaprovação, índice pouco melhor que o da Polícia Civil: 48% e 47%, respectivamente. A Justiça ficou na lanterna, com 33% de aprovação e 63% de desaprovação. No fim do primeiro mandato de Lula, Lacerda anunciou que deixaria o comando da PF com o chefe, o então ministro da Justiça, Márcio Thomaz Bastos. Mas aceitou ficar mais um ano para apaziguar as disputas internas e coordenar uma sucessão tranqüila, o que até agora não conseguiu. Os dois principais postulantes ao cargo, Renato da Porciúncula, chefe da inteligência, e Zulmar Pimentel, diretor-executivo, engalfinharam-se na disputa e acabaram se inviabilizando. No vácuo, Corrêa ganhou espaço. Gaúcho, como Tarso, fortaleceu-se com sua atuação como coordenador da segurança dos Jogos Pan-Americanos, no Rio, em julho. Teve ainda um papel importante no episódio do desaparecimento durante o Pan dos boxeadores cubanos Guilhermo Rigondeaux e Erislandy Lara, que acabaram deportados para Cuba.

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