Lacerda: 56 agentes da Abin trabalharam na Satiagraha

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Por ROSA COSTA E EUGÊNIA LOPES
Atualização:

A Polícia Federal mostrou hoje, no Senado, que vive completamente rachada desde que o delegado Paulo Lacerda deixou o comando do órgão, em agosto do ano passado. Lacerda assumiu a direção da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), mas revelou o grau de ingerência na PF ao admitir que a Abin gastou pelo menos R$ 256 mil para custear a ação de 56 arapongas que atuaram em Brasília, no Rio e em São Paulo para apoiar a Operação Satiagraha, do delegado Protógenes Queiroz. Há duas semanas, o chefe da divisão de Contra-Inteligência da Abin, Paulo Maurício, havia calculado que trabalharam na operação 52 arapongas. O diretor afastado da Abin negou ter cedido, de uma só vez, 56 agentes à Polícia Federal. Disse que 56 era o "somatório de servidores no período de quatro meses", quando teriam ficado 16 deles, em média, atuando ao mesmo tempo. Ouvidos hoje, pela segunda vez, na Comissão Mista de Controle das Atividades de Inteligência (CCAI), Lacerda e o atual diretor-geral da Polícia Federal, Luiz Fernando Corrêa, não conseguiram esconder que representam grupos diferentes na PF. Corrêa foi categórico ao afirmar que "não houve nenhuma comunicação informal às instância superior da PF sobre requerimentos" de agentes da Abin para a Operação Satiagraha. Lacerda não explicou por que não avisou Corrêa e disse apenas que considera legal a ajuda por entender que são todos, na PF e na Abin, servidores públicos do mesmo Estado brasileiro. Quando Corrêa disse nada saber sobre o envio ao Brasil, pelos Estados Unidos, de documentos sobre o banqueiro e sócio-fundador do Grupo Opportunity, Daniel Dantas, que teriam enchido 250 caixas de arquivo na PF, Lacerda, com ironia, disse que se estivesse no comando da PF saberia, sim, das caixas. "É natural que se um fato desse ocorresse eu tomaria conhecimento, quer dizer, uma tonelada de documentos, eu tomaria conhecimento", justificou. O ministro chefe do Gabinete de Segurança Institucional, general Jorge Felix, também ouvido pela Comissão, tentou, mas não conseguiu defender a Abin. Ele endossou a informação de Lacerda de que os servidores do órgão se limitaram a ajudar Protógenes a descobrir o endereço dos investigados.

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