Laboratório produz larvicida contra mosquito da dengue

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

O Farmanguinhos, laboratório da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) responsável pela produção das drogas contra a aids distribuídas gratuitamente pelo Ministério de Saúde, planeja começar, em agosto deste ano, a produzir industrialmente o primeiro biolarvicida nacional para combater a larva do mosquito aedes aegypti, o transmissor da dengue. O T3, como é chamado, foi aprovado nos testes finais e mostrou que consegue matar as larvas em larga escala, e com 100% de eficiência. Ele poderá solucionar dois problemas enfrentados pelas autoridades de saúde no combate à dengue: baixar o preço dos bioinseticidas, que hoje são importados, e oferecer uma alternativa para produtos que não funcionam mais contra a larva porque o mosquito já consegue resistir a essas formulações. Ele poderá ajudar ainda a evitar novas epidemias. O último balanço estadual, divulgado na semana passada, contou mais de 120 mil casos da doença e 43 mortos, no Rio. "Se tudo der certo, começamos a produção em agosto e teremos ainda este ano o nosso produto no mercado", afirma Eloan Pinheiro, diretora de Farmanguinhos. "No futuro, queremos que as pessoas possam comprar o inseticida em lojas e aplicar em suas caixas d´água ou nos vasos de planta." O biolarvicida é feito à base do bacilus thurigiensis israelensis (BTI), uma bactéria que libera uma toxina perigosa apenas para a larva do aedes aegypti. Colocado nos recipientes onde o mosquito cresce, o produto é ingerido pela larva e destrói seu sistema digestivo. Em média, o biolarvicida demora 24 horas para matar as larvas. O princípio do T3 é o mesmo que outros biolarvicidas feitos com a BTI. A diferença do produto do Farmanguinhos é que ele foi feito para funcionar nas condições ambientais brasileiras. Ao biolarvicida foi adicionado, por exemplo, um protetor solar, porque as experiências mostraram que a luz solar pode prejudicar a eficiência e fazer com que a larva resista mais. "Criamos uma tecnologia própria para produzir um bioinseticida que funcione aqui. E isso não é simples, porque tivemos que trabalhar muito e fazer muitos testes", explica Elisabeth Sanches, coordenadora do laboratório responsável pela pesquisa do T3. Segundo a diretora de Farmanguinhos, Eloan Pinheiro, ainda não é possível calcular quanto o novo larvicida vai colaborar para reduzir os custos do combate à doença. Mas ela espera que haja grande redução dos preços. Eloan estima que, desde que começou a ser estudado, em 1998, o T3 custou cerca de R$ 3 milhões para chegar à fase final de pesquisa. TCM O Tribunal de Contas do Município determinou a abertura de procedimentos para apurar a responsabilidade penal e civil pela epidemia de dengue no Rio. A decisão do TCM é baseada em um relatório de inspeção, realizado por técnicos do tribunal, entre 28 de janeiro e 8 de fevereiro, que levantou falhas no programa de combate ao aedes aegypti na cidade. O tribunal já pediu explicações à Secretaria Municipal de Saúde e à Companhia de Limpeza Urbana. Os dois órgãos municipais terão 30 dias para responder.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.