24 de agosto de 2011 | 22h40
Depois de apoiar o pleito do Movimento dos Sem-Terra (MST) pela renegociação das dívidas de pequenos agricultores, a senadora Kátia Abreu (ex-DEM-TO), que preside a Confederação Nacional da Agricultura (CNA) e sempre esteve ao lado de setores ruralistas, amenizou o discurso. Disse que pretende agir como oposicionista e que não se alinhará à postura do governo no debate sobre a reforma agrária.
A parlamentar, futura integrante do PSD, garante que não está afinada com o MST e que repudia as invasões de terras. "Mudo de partido, mas nada do que eu penso mudou. Sou oposição e continuarei sendo dura contra as invasões criminosas no campo", afirmou. "Isso não impede que eu vá até a presidente para discutir assuntos de interesse do Brasil."
Em reunião com a presidente Dilma Rousseff na terça-feira, Kátia apresentou propostas de renegociação de dívidas que beneficiariam agricultores egressos do MST, assentados em pequenas propriedades.
Para deputados ruralistas, a sintonia com as reivindicações dos sem-terra é pontual e não indica um abrandamento da posição da senadora.
"Não é possível fazer renegociação excludente. Se o cidadão tem atividade como produtor rural, deve ser beneficiado, independentemente de seu alinhamento ideológico", avaliou o deputado federal Ronaldo Caiado (DEM-GO), crítico ferrenho das invasões dos sem-terra.
A avaliação desses parlamentares é de que as divergências entre ruralistas e sem-terra superam interesses partidários de uma possível aliança entre o PSD de Kátia Abreu e o Planalto. Apesar dos flertes da nova legenda com Dilma, eles acreditam que a defesa dos interesses dos agricultores e as críticas às invasões prevalecerão.
Futuro presidente do PSD em Rondônia e presidente da Frente Parlamentar da Agropecuária, o deputado federal Moreira Mendes (ainda no PPS) fez coro com os demais líderes ruralistas ao defender a renegociação de dívidas dos ex-sem-terra. "Condenamos com veemência as ações do movimento, mas apoiamos os assentados", disse. "Se alguém recebe uma terra, deixa de fazer parte do MST e deve ser tratado como um produtor - e não podemos discriminar o produtor que precisa renegociar sua dívida."
O coordenador-geral nacional do MST e da Via Campesina, José Valdir Misnerovicz, aprovou o apoio dos ruralistas à proposta de renegociação das dívidas dos pequenos produtores, de quase R$ 30 bilhões. "Reconhecem que o problema existe e que uma solução é necessária."
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