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Kassab prepara governo voltado à periferia para tirar redutos do PT

Prefeito interpreta baixa votação que recebeu nos extremos da cidade como sinal de reprovação à sua gestão

Por Carlos Marchi
Atualização:

O prefeito Gilberto Kassab (DEM) vai atacar a força do PT em seus derradeiros redutos no município de São Paulo. Ele interpretou que a baixa votação que recebeu nos extremos das zonas sul, leste e noroeste deve ser encarada como uma reprovação daquelas populações a sua primeira gestão, aprovada no resto do município. E essa reprovação terá uma resposta no segundo mandato: a nova administração Kassab vai investir pesado nessas três regiões, as mais pobres do município. "Nunca mais perderemos lá", profetizou Kassab a três dezenas de aliados, parentes e amigos no domingo, na sala de seu apartamento, nos Jardins, logo após o anúncio da pesquisa de boca-de-urna que lhe dava ampla vitória sobre a rival Marta Suplicy (PT). Enquanto os amigos festejavam, o prefeito revelou sua preocupação com a sombra que a ampla vitória, por mais de 21 pontos porcentuais de diferença, projeta na extrema periferia da cidade. Ali o PT voltou a ganhar em alguns bairros com grande vantagem, embora com menos força do que em 2004. Kassab decidiu que, em sua segunda gestão, vai ampliar investimentos nessas regiões de baixo sucesso para PSDB e DEM - ainda que a aliança tenha, em 2008, "empurrado" Marta e o PT mais para a periferia. Kassab quer amplificar esse efeito, de forma que, em 2012, a coligação consiga virar o jogo contra o tradicional adversário também nos extremos onde o PT ainda reina. ELEIÇÃO DIFERENTE Lugares como Sapopemba ou São Miguel Paulista, em que o então candidato José Serra perdeu feio para Marta em 2004, agora deram a vitória a Kassab. Nas regiões mais extremas, no entanto, houve uma eleição com características inversas às da média da cidade, como se fosse outro pleito, embora com os mesmos candidatos. Em Parelheiros, no extremo sul, por exemplo, Marta venceu o segundo turno com 75,77% dos votos válidos, contra apenas 23,23%; no Grajaú, também na região sul, a vitória da petista deu-se por 74,94% a 25,06%. Na zona leste, a Cidade Tiradentes, que impôs uma derrota ao candidato José Serra, em 2004, agora voltou a derrotar Kassab por 68,82% a 31,18% - e lá o prefeito tinha esperanças de obter um resultado melhor. Kassab quer acabar com a tese de que o PT é "o partido que combate a miséria", que Marta tanto apregoou na campanha, apresentando-se como "candidata dos pobres". Para o prefeito, essas regiões votam no PT nem tanto pelo que a gestão do partido na prefeitura fez por elas, mas porque são iludidas pelo discurso populista que emoldura a pobreza. "Eu tenho compreensão do papel do governante moderno", disse Kassab. "E esse papel me incentiva a investir cada vez mais em saúde, educação e segurança. E a investir tanto mais quanto mais pobre seja a região", finalizou.

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