Karajás fazem intercâmbio com índios canadenses

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Por Agencia Estado
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Quatro índios da tribo karajá partem nesta quarta-feira de São Paulo para fazer um intercâmbio no Canadá. Eles levam experiências das 14 aldeias existentes na Ilha do Bananal e esperam voltar com propostas de soluções para seus problemas, que vão da desnutrição e falta de identidade cultural ao alcoolismo e dificuldade em lidar com o dinheiro. ?Queremos aprender com os índios canadenses. Saber como eles conseguiram conquistar o respeito de todos sem precisar esquecer as tradições?, afirma o cacique João Wereria. A viagem é fruto de uma parceria entre o governo canadense, através da Agência Canadense de Desenvolvimento Internacional (Cida), a Funai e a organização não-governamental Adra. Nos encontros, brasileiros querem conhecer a forma de organização dos grupos indígenas canadenses para, depois, importá-la para o Brasil. Também esperam conseguir recursos para desenvolver alguns projetos na região do Tocantins. Esta é a primeira vez que um grupo de índios brasileiros vai ao exterior com essa missão. ?Os índios da planície ? como os brasileiros ? são praticamente desconhecidos dos canadenses?, afirma Maria Teresa Adras, da Cida. O contrário do que ocorre com os ?índios da montanha?, existentes na América do Norte e América Central: ?Há um diálogo importante entre as diversas tribos, com troca de experiências e cooperação?, completa. Agora, diz Maria Teresa, o interesse se volta para o Brasil. O roteiro programado para os karajás será corrido. Eles têm agendados encontros com tribos de três Estados canadenses, alguns de apenas algumas horas. O cacique Iwraru Karajá espera voltar com algumas dicas para escapar dos enlatados na sua aldeia. ?Sempre me perguntam por que hoje tanto índio quebra a perna. Desconfio que se nós comêssemos como nossos antepassados, esses problemas de saúde seriam menores.? Entre as expectativas do grupo, está o de aprender a criar animais na região. ?Eles têm o peixe. Queremos ver como eles se organizam e tentar fazer o mesmo com a tartaruga e o veado ? caças que gostamos, mas que quase não existem mais na nossa região?, conta. Para Tewarura Caranja, cacique da aldeia Fontoura, o importante será aprender a lidar com o dinheiro e, com isso, comprar, por exemplo, um barco a motor: ?Não seremos menos índios por usar um barco grande para ir para a cidade. Hoje, o branco passa por nós rapidamente, enquanto vamos no barco, remando. Claro que fica mais difícil para nós vendermos nosso artesanato desse jeito. E, com isso, o dinheiro diminui ainda mais.?

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