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Justiça suspende expulsão de índios de área no Espírito Santo

Por Agencia Estado
Atualização:

O Tribunal Regional Federal (TRF) da 2ª Região suspendeu a liminar que determinara a expulsão dos índios de duas aldeias em Aracruz, no norte do Espírito Santo, na sexta-feira. Pelo menos 12 índios foram feridos por policiais federais que cumpriam mandados de reintegração de posse em favor da empresa Aracruz Celulose, que ainda pode recorrer. Na operação, as aldeias Córrego de Ouro e Olho D´água foram destruídas pela Polícia Federal. "Ainda não acabou, existe muito jogo de interesse e a Aracruz vai jogar pesado contra os índios. A novidade é que a Funai (Fundação Nacional do Índio) agora se comprometeu a iniciar o processo de reconhecimento e demarcação de terra na região, mas o processo é demorado", disse o coordenador regional do Conselho Indigenista Missionário (CIMI), José Coelho Silva. A liminar, expedida na noite de sexta-feira, garantiu provisoriamente a retomada das terras por cerca de 300 índios, a pedido do Ministério Público Federal. Os tupiniquins e guaranis, que estavam em aldeias próximas, organizam um mutirão e começaram no sábado a reconstruir as cabanas de palha. Dois caciques entrevistados pelo jornal A Gazeta prometeram protestar contra a Aracruz e resistir à eventual possibilidade de nova decisão judicial desfavorável. "Estamos cansados de sofrer perseguições dos homens brancos. Nós nunca atacamos, nunca demos motivos para eles nos atacarem dessa forma. Já estamos amolando nossas machadinhas e as pontas das flechas e também preparando o curare, veneno que é colocado na ponta das flechas", disse o cacique guarani Marcelo Oliveira da Silva. Os índios alegam que foram recebidos a tiros durante a desocupação A Funai vai solicitar uma perícia das balas encontradas e exame nos ferimentos dos índios para verificar a denúncia de que a PF também teria usado munição no conflito. Em nota, a PF admitiu o uso de balas de borracha e bombas de efeito moral contra os índios "como último recurso de defesa pessoal". A Superintendência regional da PF argumentou que os policiais foram recebidos na aldeia Olho D´água por "cerca de 200 índios que já chegaram armados de tacapes, flechas e pedras, que foram lançados contra os agentes e delegados, além de danificarem oito viaturas oficiais".

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