PUBLICIDADE

Justiça repara erro judicial após 17 anos

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Um erro judicial que se manteve durante 17 anos foi reparado pelos desembargadores das duas Câmara Criminais do Tribunal de Justiça da Bahia que se reuniram ontem à noite e absolveram por unanimidade a ex-bancária Celeste Maria Vargas, de 48 anos. Em 1984 ela foi acusada de assassinar por estrangulamento os filhos Oayssa e Maurício Melo, de 8 e 9 anos no Subúrbio de Coutos. Celeste fugiu da Bahia logo após os crimes sendo detida em São Paulo onde havia constituído nova família, em 1993. Transferida para Salvador foi julgada e condenada duas vezes por júri popular (a 36 e 24 anos de prisão) mas recorreu e teve a pena reduzida a 18 anos. Seu caso sofreu uma reviravolta, no entanto, em 1995 quando o latrocida Adilson do Espirito Santos, o "Radiola" que cumpria pena na Penitenciária Lemos Brito confessou ser o autor dos crimes. A partir dessa revelação, o advogado da ex-bancária José Carlos Portela iniciou a batalha judicial para tentar provar a inocência de sua cliente, tarefa dificultada porque ela havia confessado os crimes, supostamente orientada pelo delegado Valdir Barbosa que na época investigou o caso. De acordo com Celeste, o delegado a convenceu a assumir as mortes, achando que os verdadeiros criminosos iriam "relaxar" e acabariam presos. "Quando percebi a besteira que fiz, fugi", lembra. Num dos confusos depoimentos da época dos crimes a ex-bancária disse que sua casa tinha sido invadida por três ladrões e um deles, com uma cicatriz na mão direita, tinha matado seus filhos. "Radiola" tem mesmo a cicatriz indicada por Celeste. O pedido de revisão de pena entrou na Justiça há dois anos. Agora, com a inocência reconhecida, a ex-bancária pensa em entrar com um processo de indenização contra o Estado. Para tanto seu advogado está calculando todas as perdas pecuniárias ocorridas em decorrência do erro judicial. Apesar de Celeste ter sido absolvida por unanimidade pela mais alta Corte do Estado, o delegado Valdir Barbosa que atualmente ocupa o posto de assessor especial da Secretaria de Segurança Pública da Bahia, continua convicto que a ex-bancária é mesmo culpada pelos crimes.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.