Justiça manda PF devolver papéis a ONG da rainha da Suécia

WCF-Brasil, que funciona no mesmo prédio da Camargo Corrêa, foi alvo de blitz por engano em março deste ano

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Por Fausto Macedo
Atualização:

A Justiça mandou a Polícia Federal devolver todos os documentos confiscados durante a Operação Castelo de Areia no escritório do Instituto WCF-Brasil, ligado ao Stiftelsen World Childhood Foundation - ONG criada pela rainha da Suécia, Silvia, para combater o abuso sexual infantil.

 

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Instalado no 13º andar do prédio sede da Camargo Corrêa, alvo maior da investigação sobre suposto esquema de evasão de divisas e lavagem de dinheiro, o instituto sofreu uma devassa da PF na manhã de 25 de março, quando a ação foi deflagrada.

 

Munidos do mandado de busca 40/09, expedido cinco dias antes pelo juiz Fausto Martin De Sanctis, os federais vasculharam os andares ocupados pela empreiteira, na Rua Funchal, 160, Vila Olímpia.

 

O arrastão chegou às dependências do WCF, provocando impasse entre os policiais sobre a extensão da ordem judicial. A ONG da rainha aluga uma parte do 13º andar e não tem qualquer vínculo com a construtora. A PF comunicou o magistrado sobre a necessidade de ampliar a inspeção ao pavimento inteiro. Novo mandado, 45/09, foi despachado e encaminhado por fax às 10h25 ao local onde se encontrava a equipe SP 02.

 

A força-tarefa recolheu nas salas do instituto dois boletos de câmbio - um no valor de R$ 72.500 e outro de R$ 32.775 -, impresso de três folhas indicando os nomes dos integrantes dos conselhos Fiscal e Deliberativo e extratos bancários (Bradesco, Santander e Votorantim)com a posição de 31 de dezembro de 2008.

 

Também foram apreendidos saco plástico com dados relativos à auditoria 2007, extratos, e-mails e uma pasta fichário preta com registros dos anos de 2006 a 2009. O acervo foi levado à PF, que incluiu a ONG da rainha no rol de suspeitos da Castelo de Areia.

 

Há nove anos, Silvia Renata de Toledo Sommerlath - brasileira casada com o rei da Suécia, Carlos Gustavo -, chocada com a escalada da pedofilia e a ação ousada de redes de exploração de crianças, decidiu criar a World Childhood Foundation. Em vários países, o Brasil entre eles, foram abertas representações para assistir vítimas e desenvolver projetos sociais de prevenção.

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                                                              INVASÃO

 

Na última quinta-feira, antes de viajar para Lyon, na França, onde participa de reunião do Grupo de Ação Financeira Internacional (Gafi), o juiz De Sanctis mandou a PF restituir a papelada ao WCF, braço da fundação em São Paulo.

 

Amparado em manifestações da Procuradoria da República e da própria PF, o magistrado reconheceu que os documentos da ONG não guardam relação com a Camargo Corrêa nem com os executivos da empreiteira que estão sob investigação.

 

De Sanctis acolheu pedido dos advogados do WCF, que se insurgiram contra a blitz e apontam "ilegalidade, arbitrariedade, impertinência, despropósito e descabimento do ato". Segundo o criminalista Antonio Claudio Mariz de Oliveira, "é certo que o instituto e suas dirigentes jamais poderiam ter sofrido tamanho constrangimento simplesmente por ocuparem um recinto do mesmo prédio comercial da investigada Camargo Corrêa".

 

"O instituto foi ilegalmente invadido", protesta Mariz. "A autorização era para outra pessoa jurídica."

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