PUBLICIDADE

Justiça francesa diz que dinheiro de Maluf tem origem ?curiosa?

Por Agencia Estado
Atualização:

A magistrada Marivonne Caillibotte, porta-voz do Tribunal de Paris, afirmou nesta segunda-feira que a origem do dinheiro depositado no banco Crédit Agricole, em Paris, pelo ex-prefeito Paulo Maluf é "certamente curiosa". De acordo com a magistrada, o dinheiro de Maluf "passou por um circuito financeiro bastante complicado" até chegar à França, segundo informou a BBC Brasil. O juiz Henri Pons, encarregado da ação, está levantando elementos sobre o circuito financeiro pelo qual esse montante passou. De acordo com Caillibotte, para saber se houve ou não lavagem de dinheiro, como suspeita a Justiça francesa, é necessário reconstituir e analisar cada etapa desse circuito financeiro "complicado e curioso". A magistrada afiram que nessa fase de verificação é bastante longa. Até que o juiz recolha os elementos necessários e se pronuncie sobre o caso, Maluf e sua mulher não estão especificamente visados pela Justiça - e, por isso, foram liberados na noite da última quinta-feira. O juiz Henri Pons qualificou até o momento a ação como "lavagem de dinheiro em bando organizado". Caillibotte diz que justamente por isso, além da importante soma envolvida, a Justiça francesa decidiu bloquear os valores durante todo o processo de instrução penal, que deve durar, no mínimo, algumas semanas. Em entrevista à BBC Brasil, Caillibotte confirmou que Maluf e sua mulher, Sylvia, são os titulares da conta conjunta que totaliza US$ 1,8 milhão no banco francês. Titular da conta Na última sexta-feira, o ex-prefeito e ex-governador de São Paulo negou possuir uma conta bancária em Paris e disse que apenas sua mulher era titular da conta no Crédit Agricole. "Se ele não fosse titular da conta, por qual razão teria sido detido para dar esclarecimentos à Brigada Financeira sobre a origem do dinheiro?", indagou a magistrada. "O senhor Maluf passa muito tempo se defendendo de algo em relação ao qual ele não é, pelo menos até o momento, acusado." Maluf também negou ter ficado detido na última quinta-feira e disse que compareceu ao escritório central da agência francesa de repressão a crimes financeiros por "espontânea vontade". Esta informação também foi contestada pela magistrada e pelo Ministério do Interior da França, segundo os quais havia uma ordem do juiz Henri Pons para que Maluf e sua mulher prestassem esclarecimentos às autoridades francesas. Procurado pela reportagem da BBC Brasil no Hotel de Paris, em Mônaco, onde está hospedado, Maluf não foi encontrado para comentar as dúvidas da Justiça francesa em relação à origem do depósito no Crédit Agricole. A juíza Caillibotte não quis dar mais informações sobre a procedência do dinheiro de Maluf, alegando que isso faz parte do segredo de instrução do processo atualmente em andamento. Por enquanto, diz a magistrada Caillibotte, até o final da fase de investigação, não há previsão de que Maluf e Sylvia Maluf sejam novamente convocados a depor, e o casal tem total liberdade de circulação. Maluf deve ficar em Mônaco até o final desta semana. O Hotel Plaza Athénée, onde o casal se hospeda normalmente em Paris, informa que até o momento não há nenhuma reserva no nome de Maluf para os próximos dias. O ex-prefeito havia dito que retornaria à capital francesa após sua estada em Mônaco.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.