PUBLICIDADE

MP do Peru abre investigação contra ex-presidente por caso Odebrecht

Alejandro Toledo teria recebido US$ 20 milhões de propina da empreiteira brasileira; político nega acusações

Foto do author Redação
Por Redação
Atualização:
O ex-presidente peruano Alejandro Toledo em 2011 Foto: Karel Navarro/AP

LIMA - O Ministério Público do Peru formalizou nesta segunda-feira, 6, o pedido de investigação contra o ex-presidente do país Alejandro Toledo por suspeita de lavagem de dinheiro e tráfico de influências. O político é acusado de receber subornos milionários da Odebrecht em um caso de corrupção que ameaça sacudir a elite política do país.

PUBLICIDADE

Trata-se do primeiro caso em que a gigantesca investigação originada no Brasil, e que se multiplicou em diversos países da América Latina, investiga de maneira direta um ex-presidente peruano pela suposta recepção de propinas para permitir que o poderoso conglomerado de construção ganhasse licitações de obras públicas. Desde dezembro de 2016, um total de 77 executivos da empreiteira delataram subornos em países latino-americanos e na África.

Segundo as leis peruanas, o juiz terá de escutar as argumentações do procurador anticorrupção, Hamilton Castro, para aceitar ou negar a solicitação nas próximas 48 horas.

A procuradoria investiga o ex-presidente pelo suposto recebimento de subornos da Odebrecht da ordem de US$ 20 milhões. A empreiteira teria pago a propina para receber a outorga da construção da Estrada do Pacífico, projeto que pretende lugar a costa do Pacífico peruano ao Brasil. A confissão foi feita por Jorge Barata, ex-representante da empresa no Peru.

Os promotores investigarão ainda as relações de Toledo com o empresário israelense Josef Maiman e com Barata. Há a suspeita de lavagem de dinheiro.

No domingo, 5, Toledo negou em uma entrevista à América TV qualquer suborno e exigiu que Barata diga "quando, como, onde e em que banco deu US$ 20 milhões a mim". Atualmente em Paris, o ex-presidente peruano afirmou que pretende retornar à Universidade de Stanford, na Califórnia, onde é pesquisador convidado.

Na madrugada de sábado, 4, uma equipe da procuradoria levou um cofre de sua casa, em um bairro nobre de Lima.

Publicidade

Toledo, de 70 anos, saiu da pobreza e se graduou em economia em Stanford. Ele chegou ao poder em 2001 empunhando a bandeira da luta contra a corrupção e se destacou como forte opositor do ex-ditador Alberto Fujimori, que fugiu do país para o Japão em 2000 e renunciou posteriormente. Fujimori cumpre sentença de 25 anos por corrupção e assassinato.

Em dezembro, o Departamento de Justiça dos Estados Unidos informou que a Odebrecht reconheceu ter pago subornos de US$ 29 milhões a funcionários peruanos para ganhar licitações de obras públicas. Os delitos também teriam ocorrido nos governos posteriores a Toledo: Alan García (2006-2011) e Ollanta Humala (2011-2016).

Até o momento, outros quatro peruanos ligados ao governo de Alan García, entre eles um ex-vice-ministro, estão detidos por implicações no caso Odebrecht.

A ministra da Justiça, Marisol Pérez Tello, disse ao jornal local Correo que está preparada para encarcerar ex-presidentes, caso seja preciso. "Eu espero de verdade que não, porém que assim for necessário, estamos preparados", afirmou, em relação ao caso de Toledo.

O presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, que foi ministro da economia e primeiro-ministro do gabinete de Toledo, disse no sábado que o ex-presidente "traiu o povo peruano" e deve "regressar ao Peru e responder às perguntas da Justiça". / AP