Justiça da Itália denuncia sobrinho de Pizzolato por ajuda em fuga

Ex-diretor do Banco do Brasil, que saiu do Brasil após a condenação por envolvimento do mensalão, foi encontrado na casa de Fernando Grando, em Maranello

Por Jamil Chade e correspondente
Atualização:

VIENA - O sobrinho de Henrique Pizzolato, Fernando Grando, foi denunciado pela Justiça italiana por ter ajudado na fuga do tio para Itália. Pizzolato, ex-diretor de Marketing do Banco do Brasil, foi condenado a doze anos e sete meses de prisão no julgamento do mensalão. Em outubro de 2013, ele fugiu para a Itália com um passaporte falso de um irmão morto.

A suspeita da Justiça é que Grando foi quem intermediou o aluguel da casa para o tio, que apenas se apresentava com o nome e documentos de seu irmão morto, Celso.

Para a Justiça italiana, Pizzolato ainda deu como seu endereço a própria casa de Grando, em Maranello. O Estado pode comprovar que, na porta da casa, o nome de sua mulher está inclusive colocado na caixa de correio.

Pizzolato ao deixar a prisão na Itália, em outubro de 2014 Foto: Mastrangelo Reino/Estadão - 28.10.2014

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Em fevereiro deste ano, ele acabou sendo descoberto na casa do sobrinho na cidade de Maranello, no norte da Itália, e levado para a prisão de Módena. Mas por falta de garantias nas prisões brasileiras, a extradição pedida pelo Brasil foi recusada.

A Justiça, porém, mantém um processo na Itália contra Pizzolato por falsidade ideológica e, agora, também contra Grando, o sobrinho que é um engenheiro da Ferrari.

A polícia de La Spezia já estava monitorando os movimentos de Pizzolato desde novembro de 2013, quando o brasileiro alugou uma casa no vilarejo à beira do Mar Mediterrâneo, Porto Venere.

Em entrevista exclusiva ao Estado, Pizzolato rejeitou a tese de que fugiu. "Salvei minha vida", disse.

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"Como fizeram os italianos para fugir dos nazistas? Era a guerra. Era a sobrevivência. Eu não prejudiquei ninguém. Eu encontrei uma maneira de proteger a minha vida. Jamais trairei o princípio que meu pai e meu avô me ensinaram. A Justiça tarda, mas vem", disse. "A todos que me atacaram, a Justiça se fará sentir. Talvez não no tempo que eu queira. Mas a história escreverá (a Justiça). Não tenho vocação de ser herói. Mas apenas de fazer Justiça. Sempre estive ao lado dos mais fracos", completou.

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