Justiça confirma prisão preventiva de índios de Humaitá

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Por José Maria Tomazela
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O juiz Márcio André Lopes Cavalcante, da 2ª Vara Criminal Federal do Amazonas, acatou manifestação do Ministério Público Federal (MPF) e decretou a prisão preventiva de cinco índios da etnia tenharim, acusados do assassinato de três pessoas em Humaitá, no sul do Estado. A decisão, publicada nesta terça-feira, 1º, mantém na prisão os índios Gilvan, Gilson, Domiceno, Valdinar e Simião Tenharim, presos provisoriamente deste o dia 30 de janeiro.Eles são suspeitos de terem assassinado a tiros o professor Stef Pinheiro, de 43 anos, o representante comercial Luciano Freire, de 30, e o técnico Aldeney Salvador, de 40, quando estes cruzavam de carro a terra indígena pela rodovia Transamazônica, no dia 16 de dezembro de 2013. Os acusados permanecem presos no Centro de Ressocialização do Vale do Guaporé, em Porto Velho.Mais prisõesNovas diligências pedidas pelo MPF à Polícia Federal podem levar à prisão de mais índios por participação nos crimes. De acordo com relato de policiais militares que percorreram a rodovia no mesmo dia em que os homens desapareceram, cerca de trinta índios armados escoltavam um grupo que empurrava um carro preto para o interior da mata. Embora suspeitassem de algo errado, os policiais não abordaram os índios, pois estavam situação de inferioridade numérica.Depoimentos obtidos pela PF e MPF levaram à conclusão de que os cinco índios tiveram participação direta no sequestro e morte dos três homens. Valdinar é apontado como o primeiro a atirar contra as vítimas. Simião Tenharim recebeu pelo rádio uma mensagem sobre o veículo que deveria ser atacado - o autor da mensagem está em liberdade. Simião admitiu ter feito três disparos, enquanto Gilson e seu irmão Gilvan fizeram a captura das vítimas. Gilson também atirou nelas, enquanto Domiceno, que é cacique, não só autorizou os crimes como ajudou a ocultar os cadáveres. O advogado das famílias das vítimas, Carlos Terrinha, disse que a PF já tem elementos para efetuar novas prisões. "Está claro no inquérito que pelo menos 25 índios tiveram participação nos crimes de sequestro, homicídio e ocultação de cadáver", disse. O desaparecimento dos três moradores desencadeou uma onda de violência contra os índios na região. A sede da Fundação Nacional do Índio (Funai) e outras bases de atendimento ao indígena foram incendiadas.A prisão dos suspeitos ocorreu após uma operação que mobilizou a Força Nacional de Segurança, tropas do Exército e policiais da elite da Polícia Federal, além da Polícia Rodoviária Federal e polícias estaduais. Os corpos das vítimas foram encontrados no dia 3 de fevereiro. Eles haviam sido enterrados numa vala, na aldeia indígena Tenharim-Taboca, na altura do km 132 da Transamazônica, entre Humaitá e Manicoré. Os corpos tinham perfurações à bala, sobretudo na cabeça.

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