Justiça autoriza quebra de sigilo de entidades ligadas à via Campesina

Entre eles, o coordenador nacional do MST, João Pedro Stédile

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Por Agencia Estado
Atualização:

O juiz José Pedro Eckert, de Barra do Ribeiro (RS), autorizou nesta terça-feira a quebra de sigilo bancário de três entidades ligadas à Via Campesina que participaram da depredação de um viveiro de mudas e um laboratório da Aracruz Celulose no dia 8 de março deste ano. Também acolheu denúncia do Ministério Público e instaurou processo contra 37 pessoas acusadas como líderes do ataque às instalações da empresa, entre os quais o coordenador nacional do MST João Pedro Stédile e quatro estrangeiros. Tanto a denúncia quanto o pedido de quebra do sigilo haviam sido apresentados pelo promotor Daniel Indrusiak na segunda-feira. Ele segue investigando o caso e quer saber a origem dos recursos que financiam as atividades dos movimentos abrigados pela organização. Nos próximos dias poderá ter acesso às contas das associações Nacional de Mulheres Camponeses, das Mulheres Trabalhadoras Rurais da Região Sul e das Mulheres Trabalhadoras Rurais no Rio Grande do Sul, com sede em Passo Fundo, onde uma investigação policial encontrou cheques assinados em branco e, em dinheiro, 17 mil reais, seis mil dólares e 7 mil pesos chilenos, além de nove quetzales guatemaltecos. Nota de resposta A Via Campesina do Rio Grande do Sul considera que a denúncia do promotor Indrusiak está "baseada em suposições" e "não tem base jurídica". Em nota distribuída nesta terça-feira, a organização também reafirma sua disposição de lutar contra a monocultura do eucalipto. E faz uma previsão, ao afirmar que "a ação das mulheres da Via Campesina, realizada no Dia Internacional da Mulher, será um marco para as futuras gerações na defesa da vida na Terra". Além de qualificar as denúncias de "infundadas", a nota afirma que elas respondem às pressões dos meios de comunicação interessados em contar com patrocínios de empresas como a Aracruz. Também sugere que "o Poder Judiciário se paute mais pelo interesse público do que pela pressão de grandes empresas e da imprensa". Na seqüência, o texto pede que o Ministério Público demonstre a mesma agilidade para apurar agressões a indígenas, quilombolas, camponeses e ao meio ambiente que a Aracruz estaria cometendo em Minas Gerais, Espírito Santo e Bahia. E destaca, ainda, que a empresa será julgada no Tribunal Internacional dos Povos, organizado pela sociedade civil, nos dias 10 a 13 de maio, em Viena, na Áustria. A Via Campesina também anexou à nota um abaixo-assinado que está percorrendo o mundo para colher assinaturas de apoio às mulheres que atacaram as instalações da Aracruz. Em forma de versos, o texto diz que havia um silêncio sepulcral, intransponível e promíscuo sobre os problemas ambientais e sociais causados pela indústria da celulose e que, "de repente, milhares de mulheres se juntaram a destruíram mudas (de árvores), a opressão e a mentira". Procurado pelo Estado, o promotor Indrusiak disse que vai avaliar nesta quarta-feira a possibilidade de se pronunciar sobre as acusações feitas pela Via Campesina. A assessoria de imprensa da Aracruz Celulose informou que a empresa vai se manifestar no momento que julgar oportuno.

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