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Justiça adia reintegração de posse em Mangaratiba

Por Agencia Estado
Atualização:

As cerca de 470 famílias do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) que ocupam a Fazenda Santa Justina, em Mangaratiba (RJ), há 18 dias conseguiram mais tempo para reivindicar a posse da terra. Pela segunda vez, a ordem de despejo determinada pelo juiz Cláudio Rodrigues, da comarca local, foi suspensa pouco antes do início da operação de reintegração de posse. Um dia depois de devolver a questão para o fórum de Mangaratiba, o Tribunal Regional Federal acolheu um recurso do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), suspendendo temporariamente a liminar. O prazo para a retirada das famílias, atendendo ao pedido dos proprietários da fazenda, esgotava-se às 13h. Por volta de 10h, os manifestantes do MST fizeram uma barricada com troncos e galhos de árvores no acesso da fazenda, na Rodovia Rio-Santos, prometendo resistir. Pelo menos três ônibus de policiais militares foram mobilizados juntamente com homens da Polícia Rodoviária Federal e da Guarda Municipal de Mangaratiba e aguardavam a ordem dos oficiais de justiça para retirar as famílias. Caminhões e um trator com pá-mecânica também foram levados. Com bandeiras vermelhas, o grupo gritava palavras de ordem. "Nossas armas são nossa força de lutar", disse o coordenador do acampamento, Amaro Carlos. No horário marcado para a retirada das famílias, dois oficiais de justiça queriam iniciar a retirada das famílias. Eles disseram que não haviam recebido a informação da suspensão da liminar e foram convencidos pelo presidente do Incra, Claudi Furtado, e pela presidente do Instituto de Terras do Rio de Janeiro (Iterj), Célia Ravera, a esperar a confirmação da Justiça. "Decisão judicial tem de ser cumprida", argumentou o oficial de justiça Wagner Melo, sob o protesto dos sem-terra. O impasse permaneceu por mais de uma hora, acirrando os ânimos. A notícia da confirmação foi comemorada pelos sem-terra até com foguetes. Eles expulsaram o trator que ameaçava destruir as barracas e renovaram as esperanças de ficar com a terra. O superintendente do Incra no Rio de Janeiro, Claudi Furtado, defendeu o movimento. "A luta pela terra é justa. O Incra está buscando caminhos para solucionar o problema, mas enfrentamos resistências. Vim apoiar e conversar com as autoridades para não acontecer um conflito", afirmou Claudi, acrescentando que o Incra já cadastrou as famílias para serem assentadas. O advogado dos proprietários da fazenda, Ilson de Carvalho Ribeiro, protestou. "Vamos recorrer mais uma vez. É um absurdo deixar uma área, que é uma das maiores reservas particulares de preservação ambiental, ser invadida", afirmou.

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