PUBLICIDADE

Justiça aceita denúncia contra ex-presidente da Eletronuclear por desvios em Angra 3

Esquema de corrupção envolvendo obras da usina nuclear foi revelado na 16ª fase da Lava Jato, chamada Radioatividade, e caso foi encaminhado para a Justiça Federal no Rio de Janeiro

Por Idiana Tomazelli
Atualização:
Obras da usina de Angra 3, no Rio Foto: Divulgação

Rio - O juiz Marcelo da Costa Bretas, da 7ª Vara Criminal da Justiça Federal do Rio de Janeiro, aceitou a denúncia contra 14 réus da ação relativa à Operação Radioatividade, que investiga um esquema de corrupção na Eletronuclear envolvendo as obras da usina de Angra 3. Entre eles estão Othon Luiz Pinheiro da Silva, ex-presidente da Eletronuclear preso na 16ª fase da Operação Lava Jato, e Flávio David Barra, ex-presidente global da Andrade Gutierrez Energia.

No despacho, o magistrado determinou a realização de três Audiências de Instrução e Julgamento (AIJ) para que as testemunhas da acusação sejam ouvidas e para a produção de provas. A primeira ocorrerá no dia 14 de dezembro, às 9h, com a presença dos empresários Dalton dos Santos Avancini, da Camargo Corrêa, Ricardo Ribeiro Pessoa, da UTC Engenharia, e de Walmir Pinheiro Santana, que era diretor da UTC.

O pai do programa nuclear brasileiro e ex-presidente da Eletronuclear, almirante Othon Luiz Pinheiro, foi detido em julho na 16ª etapa, chamada de 'Radiotavidade', acusado de receber ao menos R$ 4,5 milhões em propinas de empreiteiras que venceram as licitações da usina de Angra 3. A açãofoi a primeira investida da Lava Jato no setor elétrico e atualmente a investigação sobre o caso está sob responsabilidade da Justiça Federal do Rio de Janeiro, por decisão do Supremo Tribunal Federal.Entenda o caso Foto: Beto Barata|Estadão

PUBLICIDADE

Para o dia 15 de dezembro, às 9h, foram convocados como testemunhas Luiz Carlos Martins, executivo da Camargo Corrêa, e os auditores do Tribunal de Contas da União (TCU) Gustavo Alessandro Tomena e Rafael Carneiro Di Bello. No dia 16 de dezembro, às 9h, serão ouvidas por teleconferência com São Paulo as testemunhas Pedro Bezerra de Souza e Rodrigo Severino Brito.

O juiz acolheu a denúncia por entender que a autoria e a materialidade dos crimes estão "minimamente delineadas". Os crimes investigados são de concussão, corrupção ativa e passiva e lavagem de dinheiro.

"Verifico, ainda, estarem minimamente delineadas a autoria e a materialidade dos crimes que, em tese, teriam sido cometidos pelo acusado, o que se afere do teor da documentação carreada aos autos, razão pela qual considero haver justa causa para o prosseguimento da ação penal", diz o magistrado na decisão.

Bretas ainda refutou as tentativas das defesas dos réus de esvaziar as acusações. "Não vislumbro nos autos, até agora, nenhuma causa de extinção da punibilidade do agente", afirma. O juiz também comunica no despacho que "tem por superadas" todas as alegações de incompetência, suspeição e impedimento para ser o responsável pelo caso formuladas pelas defesas.

O magistrado, porém, não aceitou a denúncia contra Gerson de Mello Almada, executivo da Engevix. O juiz da 13ª Vara Criminal Federal de Curitiba Sergio Moro, quando era o responsável pela ação com as investigações sobre a Eletronuclear, já havia rejeitado a denúncia contra Almada por falta de justa causa.

Publicidade