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Jungmann reclama de enfoque político em reforma agrária

Por Fabiola Salvador
Atualização:

Em meio às discussões sobre a revisão dos índices de produtividade para fins de reforma agrária, o deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE) afirmou que o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva trata a questão do ponto de vista "político". "O governo acende uma vela para Deus e outra para o diabo e, dessa forma, vai-se equilibrando em dois palanques", disse o deputado, que foi ministro do Desenvolvimento Agrário entre 1996 e 2002.A revisão dos índices de produtividade é demanda antiga dos movimentos sociais. Por outro lado, representantes do setor agrícola são contrários à mudança. O Ministério do Desenvolvimento Agrário (MDA) anunciou a revisão dos índices após uma reunião, em Brasília, entre o presidente Lula e dirigentes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST), no mês passado.Depois das repercussões negativas de parlamentares do PMDB - um dos partidos da base aliada do governo no Congresso -, de lideranças do agronegócio e do ministro da Agricultura, Reinhold Stephanes, o assunto não foi discutido novamente. "E, assim, o governo vai se equilibrando, do ponto de vista político", afirmou Jungmann.O prazo para publicação da portaria com os novos índices foi fixado pelo ministro do Desenvolvimento Agrário, Guilherme Cassel, em 15 dias a partir de 18 de agosto. O prazo venceu ontem, e não há previsão para uma definição do governo sobre o assunto. Em entrevista à Agência Estado, Jungmann disse que continua defendendo a reforma agrária, mas classificou a proposta do governo de "um equívoco que vai trazer insegurança para o coração do agronegócio". "A esta altura, num momento de crise, é inviável uma alteração que não seja discutida, pactuada", disse.Para o deputado, a atual proposta do governo, se levada adiante, "vai criar uma insegurança jurídica muito grande", além de "tocar fogo no campo". "O governo não consegue segurar o MST. E os fazendeiros, para protegerem suas propriedades, vão contratar milícias", previu. Na avaliação de Jungmann, a distribuição de terras não resolve o problema da reforma agrária. "É preciso assistência técnica. O governo cobre um santo para descobrir o outro", finalizou.

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