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Jungmann protocola carta de dissidentes cubanos a Lula

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Por Leonencio Nossa
Atualização:

Depois de ler na imprensa que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva alegou não ter recebido carta de dissidentes cubanos para prestar ajuda a condenados políticos, o deputado federal Raul Jungmann (PPS-PE) retirou cópia da correspondência de um site na internet e entregou pessoalmente ao gabinete da Presidência. "Agora, o presidente não poderá dizer que não recebeu a carta", disse Jungmann. "Ele não poderá mais dizer que não sabia do problema dos prisioneiros de consciência de Cuba."A carta é assinada por 50 dissidentes cubanos que pedem a intermediação do governo brasileiro junto ao governo de Raúl Castro para revisão de penas. A soma do tempo de condenação dos que assinam a carta chega a 973 anos. Na carta, os dissidentes escrevem que foram injustamente condenados e muitos estão enfermos. Em cinco páginas, a mensagem cita casos de pessoas condenadas a 10 e até 30 anos de prisão.Nas últimas semanas, Lula entrou em polêmica internacional por não se envolver com a questão dos dissidentes cubanos condenados por fazerem oposição ao governo castrista. Um grupo deles informou a agências internacionais que entregou a mesma carta, datada de 21 de fevereiro, à embaixada brasileira, mas o presidente disse que não recebeu a mensagem.Em entrevista à Associated Press, Lula fez defesa da Justiça cubana e comparou presos políticos a criminosos de São Paulo. Após entregar a carta no gabinete de Lula no Centro Cultural Banco do Brasil, sede provisória da Presidência, Jungmann disse que Lula comete um equívoco ao fazer a comparação e lembrou que o próprio presidente foi um "preso político" durante o regime militar brasileiro. "Ele nivelou homens como Miguel Arraes, Luiz Carlos Prestes, ele Lula, e a ministra Dilma Rousseff, que foram prisioneiros políticos, a sequestradores, assassinos e estupradores que estão presos nas celas e nas unidades prisionais do Brasil", afirmou o deputado. "Quem está preso em Cuba luta pela liberdade e pela democracia."Jungmann avaliou que o presidente deixou de lado a tradição brasileira de defender os direitos humanos para ganhar uma cadeira permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. "O Brasil se aliou a tiranias do Sudão, do Irã e de Cuba", afirmou. "O governo busca um assento que é um trono manchado de sangue", completou.A carta entregue pelo deputado ao gabinete de Lula é uma cópia retirada do site da Anistia Internacional na internet. "O senhor poderia ser um magnífico interlocutor para obter que o governo cubano se decida a fazer reformas econômicas, políticas e sociais urgentemente requeridas, avançar no respeito dos direitos humanos, conseguir a ansiada reconciliação nacional e tirar a nação da profunda crise em que se encontra", escreveram os dissidentes.A questão dos dissidentes voltou à tona no mês passado, quando o dissidente, Orlando Zapata, que estava em greve de fome, morreu na prisão. Zapata não está na lista dos que assinam a carta entregue ao gabinete da Presidência.

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