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Julgamento do massacre de Carajás pode ser adiado

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Por Agencia Estado
Atualização:

O diretor do Instituto de Criminalística de Belém, Joaquim Araújo, comunicou hoje à juíza Eva do Amaral Coelho, responsável pelo processo do massacre de Eldorado dos Carajás, no qual 19 trabalhadores sem-terra foram mortos no sul do Pará, em 1996, por 150 policiais militares, que estariam ocorrendo "dificuldades técnicas" para a conclusão do laudo. Problemas na digitalização da fita com as imagens do massacre podem adiar para 2002 o julgamento dos acusados. O trabalho, que antes era realizado pela Universidade de Campinas, vem sendo feito há quase três meses por peritos paraenses. Segundo os técnicos, os equipamentos disponíveis em Belém são de qualidade inferior aos existentes na Unicamp, onde a análise de imagens e sua digitalização não levam mais do que 20 dias. O perito da Unicamp, Ricardo Molina, já havia realizado, no final do ano passado, o mesmo trabalho que agora está sendo feito em Belém, mas o laudo, contestado pelos advogados dos 150 militares, acabou sendo rejeitado pela juíza. O resultado do trabalho de Molina revelou que foram os policiais militares que atiraram primeiro nos sem-terra, que posteriormente teriam revidado com pedras e tiros à agressão da Polícia Militar. "Haverá atraso na entrega do laudo", diz Joaquim Araújo, em ofício enviado à juíza. Eva do Amaral não quis se manifestar sobre quando o julgamento finalmente será realizado. Ela havia marcado a retomada das sessões para 18 de junho passado, mas foi obrigada a adiar a instalação do júri devido ao recurso da defesa contra a decisão do Tribunal de Justiça, que anulou a única sessão até agora realizada. Nesta sessão, realizada em agosto de 1999, o coronel Mário Pantoja, o major José Maria Oliveira e o capitão Raimundo Lameira, comandantes das tropas da PM em Marabá e Parauapebas, foram absolvidos por falta de provas. Apesar da data do julgamento ainda não ter sido marcada, a forma como os réus serão julgados já está definida. Haverá três sessões. Os três oficiais da PM serão os primeiros a serem julgados. Depois, em outro dia, sentarão no banco dos réus quatro tenentes, doze sargentos e um cabo, um total de 17 acusados. A última sessão terá 130 cabos, sargentos e soldados. Um militar escapou do júri: o soldado William Moreira de Holanda, morto a tiros no ano passado em Parauapebas. Ele teve extinta sua punibilidade pela juíza.

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