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Juízes escolhem hoje seu presidente

Duas chapas disputam os votos dos quase 14 mil filiados da AMB

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Por Fausto Macedo
Atualização:

Juízes de todo o País vão às urnas hoje para eleger o novo presidente da Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB). O eleito vai assumir a direção da maior e mais importante entidade da toga, com quase 14 mil filiados, no triênio 2008-2010. Duas chapas disputam a sucessão do juiz Rodrigo Collaço, atual presidente: Compromisso com a Magistratura, liderada pelo juiz pernambucano Mozart Valadares Pires, candidato da situação, e MRD (Movimento de Renovação e Democratização)-AMB, da oposição, encabeçada pelo juiz Carlos Hamilton Bezerra Lima, do Piauí. A votação ocorrerá das 9 às 18 horas, em todo o Brasil. Pela primeira vez, serão usadas urnas eletrônicas. No Distrito Federal e no Amazonas, a novidade é a votação pela internet, que utiliza um sistema criado pelo Tribunal Regional Eleitoral (TRE) do Distrito Federal. A apuração terá início às 18 horas na sede da AMB, em Brasília. Desde 2005, a AMB tem tido participação direta em assuntos de interesse nacional. A associação liderou campanhas como a que prega ética na política e contra a corrupção de parlamentares. No âmbito interno, denunciou e condenou o nepotismo nos tribunais. A eleição agita os bastidores da magistratura desde que, em carta pública, divulgada em outubro, Bezerra Lima insinuou que "acordo para dar continuidade à gestão (de Collaço) já tinha sido firmado um ano atrás, mas, certamente, nos bastidores, bem antes disso". O opositor sustentou que "o processo eleitoral da AMB causa perplexidade a qualquer leigo". Segundo ele, a campanha, oficialmente, só pode ter início quando inscritas as chapas, dois meses antes da eleição. "Mas essas regras funcionam muito bem para a situação, uma vez que a oposição, não dispondo dos endereços e e-mails dos associados, não tem como iniciar antes." Collaço repeliu a acusação. Em nota a todos os juízes, ele afirmou: "A entidade tem convicção de que os magistrados responsáveis pela condução do pleito honrarão as tradições da Justiça brasileira, jamais permitindo que o processo eleitoral seja maculado por fraudes ou se configure num ?jogo de cartas marcadas?." O presidente observa que em cada Estado foram formadas comissões eleitorais encarregadas de conduzir o processo. "A AMB pugna que o calor da disputa não resulte em prejuízos à imagem de honradez e probidade tão duramente construída pelos juízes brasileiros." NEPOTISMO Mozart Valadares, da situação, está certo de seu triunfo. Ontem à tarde, no Recife, de onde vai acompanhar o pleito, ele disse que o trabalho recente da AMB mostra que a classe tem capacidade para "combater suas mazelas". O juiz anunciou sua meta: "Queremos emprestar cada vez mais impessoalidade ao Judiciário. Temos conquistado grandes avanços, como o voto aberto e fundamentado nas promoções dos magistrados, e a eliminação do nepotismo, práticas que outros Poderes, como o Legislativo, ainda não conseguiram superar." Mozart exerce seu terceiro mandato à frente da Associação dos Magistrados de Pernambuco. Com apoio de 20 presidentes de associações regionais, ele afirmou que os juízes não têm regalias. "Temos garantias constitucionais que alguns insistem em chamar de privilégios. Não temos privilégios nem podemos ter. Sofremos limitações na nossa atividade. A dedicação do juiz é exclusiva, não pode exercer outra função, exceto a de magistério."

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