LIMA - Um juiz peruano condenou a 18 meses de prisão preventiva o ex-funcionário do governo Miguel Ángel Navarro, que aceitou ser testa-de-ferro do ex-vice-ministro de Comunicações Jorge Cuba, suposto beneficiário dos subornos pagos pela construtora Odebrecht no país. Navarro, que está preso temporariamente desde terça-feira, 24, foi funcionário do assessor do Ministro de Transportes e Comunicações quando Cuba também ocupava um cargo no gabinete.
O juiz Richard Concepción, titular do Primeiro Tribunal de Investigação Nacional do Peru, aceitou a denúncia do procurador anticorrupção Marcial Páucar. O magistrado considerou que há indícios graves que incriminam Navarro no delito de lavagem de dinheiro e que, se o ex-funcionário do governo ficasse em liberdade, poderia prejudicar as investigações.
Durante a audiência, o procurador Páucar mostrou provas que sugerem que Navarro abriu contas da sociedade offshore Hispamar Internacional no Banco Privado de Andorra e que as compartilhou com diversas pessoas, entre eles a ex-jogadora de vôlei Jessica Tejada, namorada do ex-vice-ministro Cuba.
Páucar afirmou que Navarro registra um patrimônio muito acima de sua renda. O ex-funcionário tem em seu nome quatro imóveis e quatro veículos, apesar do salário de 10,5 mil soles (US$ 3.180).
Navarro confessou o crime e aceitou as penas impostas pela Procuradoria-Geral. Ele também pediu perdão por seus atos e à sociedade peruana.
A Procuradoria-Geral sustenta que Cuba pediu a Odebrecht propina de US$ 8,1 milhões em troca de ajudar a companhia com a licitação da Linha 1 do Metrô de Lima, concedida à empresa em 2009 por um investimento inicial de US$ 410 milhões.
Os subornos se pagaram supostamente em 2013 em um banco de Andorra por meio de empresas offshore, mediante transferências parciais, conforme o avanço das obras.
Na terça-feira, o presidente do Peru, Pedro Pablo Kuczynski, disse que a Odebrecht deve vender seus projetos e deixar o país após reconhecer o pagamento de propina que somam US$ 29 milhões em troca de licitações de obras públicas entre 2005 e 2014. Na semana passada, o governo da Colômbia sinalizou que pretende expulsar a Odebrecht do país. /EFE