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Juiz nega pedido de liberdade provisória de réu do mensalão

Preexistência de processo e quantia achada com Quadrado são justificativas

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Por Roberto Almeida
Atualização:

A suposta participação de Enivaldo Quadrado, ex-sócio da corretora Bônus Banval, no esquema do mensalão e a grande quantia de dinheiro apreendida em seu poder no Aeroporto Internacional de Cumbica foram determinantes para que o juiz Alessandro Diaféria, da Justiça Federal de Guarulhos, negasse seu pedido de liberdade provisória. Quadrado deve permanecer no cadeião de Pinheiros, em São Paulo. Segundo despacho de Diaféria, o princípio de presunção de inocência foi levado em consideração, mas "chama a atenção a expressiva quantia apreendida" e a "preexistência de processo criminal envolvendo ?lavagem? de dinheiro". É uma alusão à ação penal nº 470, referente ao mensalão, que corre o Supremo Tribunal Federal (STF). Quadrado é um dos 40 réus do processo, ao lado do ex-ministro da Casa Civil José Dirceu, do publicitário Marcos Valério, de deputados e ex-deputados. O empresário é citado por corrupção ativa e lavagem de dinheiro. A corretora Bônus Banval, liquidada após o escândalo, teria repassado dinheiro a petistas e aliados oriundo do chamado valerioduto. O magistrado ressaltou que a situação em que Quadrado se encontra merece "cautela". "Pode ser mera coincidência, mas não há como ignorá-la." Quadrado foi preso em flagrante pela Polícia Federal ao desembarcar na capital paulista de um vôo da companhia aérea portuguesa TAP, proveniente de Lisboa, na madrugada de sábado. Dois agentes federais, em revista de rotina, encontraram em suas roupas 361.445, o equivalente a R$ 1,16 milhão. De acordo com a PF, as cédulas estavam nas meias, na cintura, no interior de uma pasta e na cueca do empresário. Ele confessou aos agentes, durante a revista, que levava dinheiro no corpo. Em seguida, declarou à Receita Federal que o valor tem como origem um empréstimo realizado por um amigo que reside em Portugal e seria utilizado para comprar automóveis a serem revendidos no Brasil. Quadrado ainda omitiu duas vezes do Fisco que levava a quantia. Declarou, no primeiro formulário, que não levava dinheiro. No segundo, após ser flagrado, assinalou ter menos do que carregava. A última vez que o empresário esteve cara a cara com agentes da PF foi em agosto de 2005, durante o inquérito do mensalão. Quadrado afirmou, em depoimento, que funcionários da Bônus Banval realizaram quatro saques no valor de R$ 600 mil do Banco Rural, a mando de Valério. O dinheiro serviria para pagamento de propina. O advogado de Quadrado, Antonio Sérgio Pitombo, afirmou por meio de nota que só teve acesso aos autos no começo da noite de ontem. A primeira análise mostrou que "há imprecisões e incoerências que precisam ser devidamente esclarecidas".

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