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Juiz do caso Dantas não acredita no seu afastamento

Advogados do banqueiro pediram ao TRF que Fausto de Sanctis seja afastado do processo por falta de 'imparcialidade'

Por Alexandre Rodrigues
Atualização:

O juiz titular da 6º Vara Criminal Federal de São Paulo, Fausto De Sanctis , disse nesta segunda-feira, 10,não acreditar na possibilidade de seu afastamento do caso do banqueiro Daniel Dantas, acusado de corrupção. A pedido dos advogados do banqueiro, que questionam a imparcialidade do magistrado, três desembargadores do Tribunal Regional Federal retomam hoje o julgamento da questão. A desembargadora Ramza Tartuce, relatora do caso, já se posicionou a favor da permanência de De Sanctis. A assessoria do órgão, no entanto, não confirma o julgamento para esta segunda. Veja também: Especial explica a Operação Satiagraha Multimídia: As prisões de Daniel Dantas Daniel Dantas, pivô da maior disputa societária do Brasil Ao dar uma palestra hoje no Rio, o magistrado disse confiar na permanência à frente do caso. No entanto, recusou-se a dar entrevistas com comentários sobre a Operação Satiagraha, origem do processo contra Dantas, e a investigação da Polícia Federal em torno do delegado Protógenes Queiroz, investigado por supostos vazamentos de informações da investigação e uso indevido de interceptações telefônicas. A convite do procurador de Justiça Astério Pereira dos Santos, do Ministério Público do Estado do Rio, De Sanctis foi à capital fluminense dar uma palestra sobre os principais aspectos de processos contra a lavagem de dinheiro. Embora não tenha citado Protógenes ou Dantas, o juiz refutou as acusações de descontrole no uso de instrumentos com as interceptações telefônicas nas investigações e defendeu mudanças no sistema jurídico brasileiro, que, para ele, está direcionado a não permitir condenações definitivas com o excesso de recursos. O juiz disse ainda que os crimes de colarinho branco exigem que as autoridades não tomem apenas decisões ortodoxas. "A Constituição deve ser mutável por excelência. Ela é dinâmica porque dinâmica é a sociedade. Não dá para interpretar a norma e o valor desconsiderando a realidade", afirmou De Sanctis durante a palestra, no auditório da Universidade Estácio de Sá, no Centro. "A Constituição não pode ser mais importante do que nós mesmos. Nós somos a constituição". O juiz disse que métodos considerados invasivos como a interceptação telefônica, escutas presenciais, controle de movimentação financeira e outros são "naturais" em qualquer país disposto a combater crimes financeiros como a lavagem de dinheiro. "O que querem? Instaurar um inquérito, chamar as pessoas para testemunhar e depois o Ministério Público pedir para arquivar? É isso o que querem", disse à platéia de advogados e estudantes de direito, que compareceram ao lançamento de um livro sobre investigação criminal do procurador Astério. O anfitrião aproveitou para fazer um ato de desagravo ao juiz, louvando seu "compromisso com a sociedade" e simplicidade.

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