Juiz do caso Ceci Cunha teve pai assassinado por pistoleiros

Pai de André Luís Maia Tobias Granja, que preside o julgamento dos acusados pelo assassinato da deputada, foi executado por dois homens em 1982, no centro de Maceió

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Por Redação
Atualização:

MACEIÓ - Titular da 1ª Vara Federal em Alagoas, o juiz André Luís Maia Tobias Granja, que preside o julgamento dos acusados de participar do assassinato da deputada alagoana Ceci Cunha e de três de seus familiares em 16 de dezembro de 1998, crime que ficou conhecido como Chacina da Gruta, também teve sua família vítima de crime de mando.

 

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Em junho de 1982, seu pai, o jornalista e advogado Francisco Guilherme Tobias Granja, com passagens por redações de grandes revistas à época, como Manchete, Fatos & Fotos e O Cruzeiro, foi assassinado com um tiro na nuca. Dois homens participaram da execução, contratados pelo empresário Dagoberto Calheiros. O assassinato foi cometido quando Tobias Granja deixava seu escritório de advocacia, no centro de Maceió, no fim da tarde de sábado.

 

Segundo a Justiça, o assassinato foi encomendado porque a vítima defendeu um acusado de homicídios contra integrantes da família Calheiros, o ex-cabo da Polícia Militar José Henrique da Silva - e obteve a absolvição do cliente.

 

O crime repercutiu no País e as investigações apontaram Napoleão José da Silva como o responsável. Inicialmente, ele disse ter cometido o homicídio sozinho. Depois, apontou Calheiros como mandante e outro pistoleiro, Manoel Pedro dos Santos, conhecido como Bigode, como executor.

 

Mais tarde, no julgamento, negou ter participado do crime - e alegou ter sido torturado por policiais para confessar. Calheiros foi condenado a 12 anos de prisão. Silva e Santos, a 18. O juiz André Granja, de 36 anos, tinha 7 anos quando ocorreu o crime.

 

Apesar da suspeita de parte da opinião pública alagoana de que o histórico familiar do magistrado pudesse interferir no julgamento, Granja tentou demonstrar isenção. Ainda antes dos depoimentos e interrogatórios, na manhã de segunda-feira, 16, ele elogiou publicamente a conduta dos advogados de defesa dos cinco acusados pela chacina.

 

"O processo está na minha mão há pouco mais de três meses e desde a chegada não houve nenhum tipo de incidente protelatório por parte da defesa", afirmou. "Garanto que os acusados terão direito a ampla defesa."

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