Juiz diz que MST atenta contra ordem pública

Por Agencia Estado
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O juiz Atis de Araujo de Oliveira, da Comarca de Teodoro Sampaio, ao mandar prender, nesta quinta-feira, os principais líderes do Movimento dos Sem-Terra (MST) no Pontal do Paranapanema, disse que o movimento atenta contra a ordem pública. Segundo ele, ao impor que apenas integrantes do MST sejam assentados, os líderes colocam em xeque a autoridade estatal. Além de José Rainha Júnior, Oliveira decretou a prisão de Sérgio Pantaleão, Márcio Barreto, Valmir Rodrigues Chaves e Zelitro Luz da Silva, todos integrantes da coordenação regional do movimento. Eles são acusados de formação de quadrilha, por terem impedido que o Instituto de Terras do Estado de São Paulo (Itesp) assentasse integrantes de um movimento dissidente, o Movimento dos Agricultores Sem Terra (Mast), na Fazenda Guaná-Mirim, em Euclides da Cunha. As terras foram desapropriadas pelo Estado. Os líderes do MST que tiveram a prisão decretada estão foragidos e eram procurados, nesta sexta-feira, pelas polícias civil e militar nas cidades do Pontal. Rainha, que saiu há uma semana da prisão depois de ter sido detido com uma escopeta calibre 12, não foi encontrado em sua casa. Familiares informaram que estava viajando. Dos outros oito integrantes que também tiveram decretada a prisão preventiva, seis estão presos, cinco deles na cadeia de Presidente Wenceslau, a mesma onde ficou Rainha. São eles Edenilton Henrique Batista, Edison Lourenço de Souza, Américo Moreira de Azevedo, Alcides Gonçalves e José Guilherme dos Santos. A sem-terra Rosalina Rodrigues de Oliveira foi levada para a cadeia de Piquerobi. O delegado seccional de Presidente Wenceslau, Dirceu Uriardes, pôs equipes de investigadores na pista de José Lauro da Silva e Ismael Vidal, que estão foragidos. Ele recebeu, no início da noite desta quinta, os mandados de prisão contra Rainha e os outros líderes. O Batalhão da Polícia Militar de Presidente Prudente também recebeu cópias dos mandados. Os líderes do MST seriam detidos se passassem pelas barreiras policiais que seriam montados, à noite, nas rodovias do Pontal. O advogado do movimento, Hamilton Henriques, devia entrar nesta sexta-feira com pedido de revisão das ordens de prisão no Fórum de Teodoro Sampaio. Segundo informou, devem ser impetrados, simultaneamente, pedidos de habeas corpus em tribunais de São Paulo. O primeiro pedido de prisão preventiva foi feito pelo delegado de Euclides da Cunha, Edmar Trindade de Nagai, o mesmo que prendeu Rainha com a escopeta. Ele disse ao juiz que cerca de 70 integrantes do MST, entre os quais identificara oito líderes, tinham obrigado os técnicos do Itesp a suspender, no dia 9 de janeiro, o serviço de demarcação dos lotes destinados às famílias do Mast. Além de ameaçar os funcionários, eles cortaram arames das cercas, arrancaram as lascas e atearam fogo nas pastagens. As famílias do Mast também foram expulsas. Parte do material foi furtada pelo pessoal do MST. Já a prisão de Rainha e dos outros líderes foi pedida pelo promotor Marcelo Creste para assegurar a ordem pública. Ele afirma que o movimento usa da força contra as outras famílias, que estão em minoria. "Percebe-se que o MST, a despeito de ser o mais importante movimento social do país, bem como o mais rico e mais atendido pelos governos estadual e federal, quer alijar do processo de reforma agrária um outro movimento social, o que é inadmissível." Ele classifica a atitude do movimento como "tirânica e autoritária". Creste cita depoimentos de acampados que foram ameaçados por José Rainha com uma arma de fogo. O prazo da prisão preventiva é de 30 dias.

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