Jucá vai ao plenário para derrubar convocação de Dilma

Jucá disse que fará isso se perceber que intenção dos oposicionistas é a de questionar Dilma sobre dossiê

Por Rosa Costa e da Agência Estado
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O líder do governo no Senado, senador Romero Jucá (PMDB-RR), ameaçou valer-se da maioria governista na Comissão de Infra-Estrutura para transformar em convite a convocação da ministra Dilma Rousseff (Casa Civil), aprovada nesta quinta-feira, 3. Jucá disse que poderá fazer isso caso chegue à conclusão de que a intenção dos oposicionistas é a de questionar Dilma em relação aos gastos com cartões corporativos da presidência da República que estão sendo investigados por uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito, e não sobre as obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC). Veja também: PSDB apresenta recurso para convocar Dilma ao Senado Governo usa 'rolo compressor' e oposição ameaça com nova CPI CPI rejeita pedido para governo divulgar dados sigilosos PSDB quer apurar vazamento de dossiê no governo Gastos com cartões já somam R$ 9 milhões em 2008 CPI pede lista dos titulares que sacaram dinheiro com cartão CPI terá dados que complicam ministros de Lula e FHC Documento do TCU não sustenta versão sobre 'banco de dados' CPI dos cartões: quem ganha e quem perde?  Entenda a crise dos cartões corporativos  "Vamos ficar observando. Se (a convocação de Dilma) for para exploração política, vamos transformar a convocação em convite, durante os 30 dias (de prazo) que a ministra tem para comparecer aqui", afirmou Jucá. No caso de convocação, um ministro de Estado é obrigado, constitucionalmente, a comparecer. Quando se trata de convite, o ministro comparece ou não.  Ele já havia dito que iria recorrer ao plenário da Casa para derrubar os dois requerimentos de convocação da ministra. Jucá, ao justificar o recurso, afirmou que "partir para o embate político" é o interesse dos representantes da oposição na comissão. "E nós não vamos concordar com isso", acrescentou.   Oposição Na avaliação do senador Heráclito Fortes (DEM-GO), a intenção de Jucá é a de "desmoralizar o Senado". "O que o senhor está tentando fazer aqui na comissão é justificar a ausência de senadores da base na reunião de hoje", disse referindo-se ao fato de que os requerimentos de convocação de Dilma foram aprovados no início da sessão, quando só havia oposicionistas na comissão. O presidente da comissão, senador Marconi Perillo (PSDB-GO), referindo-se à decisão de Jucá de apresentar recurso ao plenário contra a aprovação da convocação da ministra, afirmou que não censurará nenhum parlamentar na comissão. Disse que um comunicado sobre a aprovação dos requerimentos será enviado hoje mesmo à ministra. Perillo disse também que a convocação foi feita de acordo com as atribuições da Comissão de Infra-Estrutura e nos termos previstos na Constituição. "A ministra é que resolve se vai cumprir a Constituição", concluiu. O primeiro requerimento aprovado é para que Dilma fale à comissão sobre o andamento das obras de construção, no Pará, da usina hidrelétrica de Belo Monte, no Rio Xingu, incluído no PAC. O segundo, para a ministra falar sobre as obras do PAC em geral. Um terceiro foi incluído por meio de um aditamento apresentado por Perillo, cuja aprovação foi possibilitada pela ausência de senadores da base do governo. No aditamento, Dilma falaria sobre o suposto dossiê, mas o senador tucano disse que vai retirá-lo. Sessão Jucá concordou com a declaração do senador Flexa Ribeiro (PSDB-PA) de que os governistas, ao se ausentarem da sessão de hoje da Comissão de Infra-Estrutura, agiram para impedir que houvesse quórum na reunião. "Por isso, pedimos à base do governo que não estivesse aqui: para evitar debates que não são de interesse da comissão." Jucá acrescentou que "a ministra Dilma já foi convidada e em algum momento deverá comparecer", mas frisou que a intenção dos governistas é a ouvir o que ela tem a dizer a respeito do PAC, e não sobre o chamado dossiê dos cartões corporativos. Flexa Ribeiro, referindo-se ao fato de que, após a aprovação da convocação de Dilma Rousseff houve uma corrida de governistas à comissão, disse que nunca viu uma sessão tão concorrida pela base do governo como a de hoje. Além de Jucá, acorreram à comissão a maioria dos senadores da base aliada ao governo.

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